Economia

Presidente da Caixa quer deixar como legado incentivo ao microcrédito

Segundo ele, as pessoas de baixa renda que querem obter empréstimos esbarram em taxas de juros de mais de 10%.

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Agência Brasil – Recém-empossado, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse hoje (7) que pretende deixar como “legado” de sua passagem pelo comando da instituição o desenvolvimento de iniciativas de microcrédito. Segundo ele, as pessoas de baixa renda que querem obter empréstimos esbarram em taxas de juros de mais de 10%.

“Por que não temos bancos emprestando para pessoas carentes a 2% [de taxa de juros]? Por que não podemos construir uma operação de 30 milhões de pessoas?”, disse Guimarães, em referência a experiências nesta área em outros países, como Bangladesh. Segundo ele, neste país há um programa específico para baixa renda e que reúne 28 milhões de clientes.

O novo titular da Caixa apontou como referência de microcrédito no país o Banco do Nordeste (BNB) e informou que está em diálogo com a instituição. Ele afirmou que o programa de microcrédito “não pode passar por agências” e tem que ser organizado em medidas com aplicação de “muita tecnologia”.

Metas
Guimarães disse que está entre as prioridades na sua gestão ampliar a atuação no mercado imobiliário. Uma das metas é ir além dos 60 mil imóveis financiados pela instituição financeira. Segundo ele, o foco da Caixa não será o financiamento de grandes empresas, complementou.

O ministro da economia, Paulo Guedes, informou que serão feitas avaliações nos investimentos realizados pelo banco, citando como exemplo concreto o Fundo de Investimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), cujos recursos teriam sido direcionados para onde não deviam.

O economista, com carreira no mercado financeiro, defendeu maior investimento em microcrédito e a abertura de capital ao setor privado de companhias subsidiárias, além de indicar outras metas de sua gestão.

Quinta maior instituição bancária do mundo, a Caixa Econômica possui mais de 93 milhões de clientes, é responsável por diversas operações envolvendo o Executivo Federal, como a gestão das contas do FGTS, da Previdência Social e de outros benefícios, como Bolsa Família, assim como é responsável pela promoção de financiamentos na área imobiliária, por meio de financiamentos e via programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida.

Abertura de capital
Outro ponto destacado por Pedro Guimarães foi a abertura de capital ao setor privado. Ele justificou o fato pela necessidade de devolver ao Tesouro Nacional R$ 40 bilhões repassados pelo governo federal ao banco sem vencimento para capitalização. “Vamos abrir o capital de subsidiárias e pagar o Tesouro”, disse. Ele citou entre essas companhias a Caixa Loterias, Caixa Seguridade e Caixa cartões.

Guimarães defendeu a abertura de capital dessas empresas como parte de uma estratégia de ampliar o número de brasileiros acionários de empresas, índice considerado baixo pelo economista. Paulo Guedes afirmou que com abertura de capital o banco pode se capitalizar e se concentrar em sua missão.

Em paralelo, o novo presidente anunciou que haverá um esforço grande de contenção de gastos, em áreas como compras e patrocínio. Atualmente, a Caixa detém 13 mil lotéricas e mais de 4 mil agências. Guimarães indicou que haverá um direcionamento de atendimento de comunidades carentes, mencionando a atuação das agências-barco na Região Norte.

Infraestrutura
O presidente da Caixa disse que os financiamentos na área de infraestrutura serão avaliados levando em consideração os benefícios à sociedade e a rentabilidade para o banco. Citou como exemplo de novas frentes a iluminação pública.

“Há possibilidade de fazer iluminação pública em 400, 500 cidades”, disse Guimarães, acrescentando que essas estruturas contribuem para melhorar a segurança pública. E citou como outros focos as obras de saneamento e de energias renováveis.

Governança
Guimarães e Guedes ressaltaram também que a nova gestão tem como meta implantar ações na área de governança corporativa e administração. Informou que serão realizados cursos para seis mil dirigentes – como gerentes e superintendentes – com orientações do Tribunal de Contas da União.

O ministro da economia colocou que a intenção é “trabalhar junto” com TCU e Ministério Público no monitoramento de problemas, como irregularidades.

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