A notícia de que Eike Batista não é mais a pessoa mais rica do Brasil está diretamente ligada ao fato dos investidores estarem hoje desconfiados da capacidade do empresário fazer seus negócios render – muito – dinheiro, como era esperado. As ações da OGX, companhia de óleo e gás do bilionário, despencaram mais de 132% nos últimos doze meses (veja gráfico abaixo), reflexo desse receio de investir em empresas que ainda não estão em plena operação.
O patrimônio líquido do empresário segundo a Bloomberg, que leva em conta também os papéis das empesas de Eike no cálculo da fortuna, acompanhou a queda. O valor atual da fortuna de Eike seria de 18,6 bilhões de dólares, quase metade do pico de 34,5 bilhões de dólares atingido em meados deste ano.
O valor ficou um pouco abaixo ao atribuído a Jorge Paulo Lemann, principal acionista da Ambev e, hoje, considerado a pessoa mais ricado Brasil. Lemann é dono de um patrimônio estimado de 18,9 bilhões de dólares – o suficiente para manter sua estreia no pódio entre osmais abonados do país e para deixar mais distante a promessa de Eike de alcançar em breve a fortuna de Carlos Slim, o mais rico do mundo.
Sobe, desce
A desconfiança dos investidores com Eike começou em junho, quando sua principal empresa, a OGX, reduziu a estimativa de capacidade de produção do Campo de Tubarão, na Bacia de Campos, de até 20.000 barris por dia para 5.000 barris de óleo. Isso aconteceu pouco tempo depois de outro banho gelado ter caído sobre os investidores, com a notícia de que a meta de produção para este ano seria reduzida de 50.000 para 40.000 barris de petróleo diários até dezembro.
Tantos tropeços fez com o que o empresário promovesse um dinâmico entra e sai de cargos estratégicos nas empresas X na tentativa de acalmar o ânimo dos investidores. O novo grupo de executivos indicado, que seria apresentado pelo empresário a investidores americanos até o final deste ano, inclui Luiz Carneiro, que assumiu o cargo de diretor-presidente da OGX. Na LLX, empresa de logística do grupo, Marcus Berto assumiu hoje o comando no lugar de Otávio Lazcano, que ficará apenas com o cargo de diretor financeiro do grupo EBX.
Em compensação, as ações da fabricante de cervejas AB InBev subiram, apenas hoje, 1,3%. Estimulado pela demanda constante para a cerveja, Lemann e seus dois sócios bilionários, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, viram suas fortunas subirem mais de 50% este ano, depois de orquestrar negócios vultosos, como a compra do Grupo Modelo, maior cervejaria mexicana, por 20,1 bilhões de dólares, em junho. Segundo informações da Bloomberg, o maior ativo de Lemann é sua participação de 10% na companhia, estimada em 14,7 bilhões de dólares.
