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A pandemia do coronavírus fez com que cerca de 1 milhão de brasileiros perdessem o emprego ao longo de maio. É o que aponta o levantamento inédito divulgado nesta terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ao todo, 10,9 milhões de pessoas estavam desempregadas na última semana de maio, o que deixou a taxa de desemprego em 11,4%. Na primeira semana, este número era de 9,8 milhões e a taxa de desemprego de 10,5%.
Os dados são os primeiros resultados da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.
O IBGE destacou que 17,7 milhões de brasileiros que não estavam empregados na última semana de maio deixaram de procurar emprego por causa da pandemia. Somando este contingente ao de desempregados, chegou a 28,6 milhões o total de pessoas que enfrentaram algum tipo de restrição para ingressar no mercado de trabalho brasileiro em maio "seja por falta de vagas ou receio de contrair o novo coronavírus", conforme destacou o IBGE.
Em abril, a Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego tinha ficado em 12,6% e o contingente de desempregados somava 12,8 milhões de pessoas. O diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, afirmou que não se pode comparar os dados da Pnad Contínua com os da Pnad Covid por conta das diferenças metodológicas.
“Esta Pnad Covid foi elaborada especificamente para avaliar os impactos da pandemia no mercado de trabalho”, enfatizou.
Ao todo, o país tinha 84,4 milhões de pessoas ocupadas no mercado de trabalho em maio, o que representa menos da metade (49,7%) do total da população em idade de trabalhar.
17,2% dos trabalhadores afastados
O levantamento do IBGE mostrou que 17,2% do total de trabalhadores ocupados no país estavam afastados do trabalho na última semana de maio devido ao isolamento social ou férias coletivas. Este percentual representa um contingente de 14,6 milhões de pessoas.
O contingente de trabalhadores afastados por causa da pandemia era ainda maior no começo de maio. Na primeira semana, eram 16,6 milhões nesta condição, o que representava 19,8% do total de pessoas ocupadas no país. Ou seja, reduziu em cerca de 2 milhões o número de afastamentos ao longo do mês.
A gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, explicou que este afastamento não se refere a licença médica em função da Covid-19. São trabalhadores que deixaram de trabalhar, seja porque tiveram o contrato suspenso ou porque o estabelecimento onde trabalha ficou fechado.
"Também pode ser aquele trabalhador por conta própria que foi impedido de trabalhar em função do isolamento social", destacou.
13,2% em trabalho remoto
Enquanto o número de pessoas afastadas do trabalho diminuiu ao longo de maio, aumentou o número daqueles trabalhando remotamente.
Na primeira semana, eram 8,6 milhões de pessoas trabalhando de forma remota, o chamado home office.
Já na última semana, esse número chegou a 8,8 milhões, o que representa 13,2% do total de trabalhadores ocupados e não afastados em razão da pandemia.
Informalidade tem queda ao longo do mês
A pesquisa identificou que havia no país 29,1 milhões de trabalhadores informais na última semana de maio, 870 mil a menos que o observado na primeira semana do mês.
“A informalidade funciona como um colchão amortecedor para as pessoas que vão para a desocupação ou para a subutilização. O trabalho informal seria uma forma de resgate do emprego, portanto não podemos dizer que essa queda é positiva”, apontou o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.
O IBGE considera como informais os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregados que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.
Fonte: G1