No início de cada ano é sempre prudente analisar como ocupamos o tempo. Muitas pessoas costumam comentar: Como o tempo passa! Na realidade, não é o tempo que passa. Somos nós que passamos. É com reais que formamos um milhão. É com minutos que se forma uma hora. É, igualmente, com eles que se constrói a eternidade. Por isso, é importante perguntar-se: Como estou ocupando o tempo que Deus me dá?
PARA MELHOR situar o tempo, nós o cortamos em fatias: segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e séculos. Também, tentamos percebê-lo através de três dimensões: passado, presente e futuro. Ou ainda: ontem, hoje e amanhã. Mesmo assim, não sabemos nos comportar diante desses três estágios. Nos preocupamos demais com o ontem e o amanhã e descuidamos do hoje. O passado é definitivo e imutável, o futuro é desconhecido. Nosso, é apenas o momento presente.
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TODOS nós temos muito tempo. O que acontece é a má distribuição do tempo que Deus nos dá. O dia tem 24 horas, a semana sete dias, ou se quisermos, 168 horas. Em cada dia transcorrem 1.440 minutos, ou seja, 86.400 segundos. Esse é o tempo que Deus nos concede. A distribuição fica por nossa conta. Se não sobra tempo para coisas importantes, é porque o esbanjamos em coisas sem importância.
DIANTE disso, surge a pergunta: como estou ocupando o tempo? Ele é um precioso presente que Deus nos dá. E porque é um presente, devemos cuidar bem dele. O dia de hoje é o mais importante de nossa vida. É tão importante, que dele pode depender a eternidade. Por isso, devemos empregá-lo da melhor maneira, isto é, servindo, principalmente, aos mais necessitados: como os doentes, crianças, idosos, pobres, deficientes, drogados…
OUTRA atitude prudente é não jogar para o futuro as nossas decisões, porque Deus oferece sempre e a todos, o perdão, mas não garante a ninguém o dia de amanhã. Sabemos, com certeza, que cada volta do ponteiro do relógio nos garante que chegamos mais perto do final. De vez em quando, os relógios param. Num belo dia, nossa vida também vai parar, sem direito a consertos, pilhas novas ou prorrogação.
UMA FRASE latina afirma: “Tempus, festinal ente, edax rerum” (o tempo caminha devagar e sempre e devora todas as coisas). O Livro do Eclesiastes lembra: “Cada coisa tem seu tempo neste mundo” (Ec.3,1) e Jesus Cristo diz: “O tempo é como uma nuvem que passa…” (Lc.12-54). Por isso, fiquemos sempre atentos, para não desperdiçar nada do tempo. É com ele que vivemos, nos realizamos e preparamos a eternidade. “Cada um colherá aquilo que tiver semeado” (Gl. 6,7).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]
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