Crônica

A Estrela da Esperança

Cada estrela procurou um lugar para ficar.

A Estrela da Esperança
Foto: Freepik

Um dia as estrelas do céu pediram a Deus para visitar a Terra. O pedido foi aceito e, naquela noite, houve uma maravilhosa chuva de estrelas de todas as cores: azuis, amarelas, douradas, vermelhas, prateadas, brancas… Cada estrela procurou um lugar para ficar. Uma, escolheu a torre da igreja, outra preferiu o campo, a terceira, uma movimentada encruzilhada…

PASSADO algum tempo, as estrelas regressaram ao céu. E, como justificativa, alegaram que a Terra não era um bom lugar para ficar. Lá existia muita maldade, ódio, poluição, fome, doenças e tempestades. Mas, uma delas não voltou. E um anjo explicou a Deus: era a única estrelinha de cor verde. Ela percebeu a difícil situação da Terra e, assim mesmo, resolveu ficar. Olhando lá do alto, os anjos viram que nos homens e nas mulheres, agora, brilhava uma estrela verde, a Estrela da Esperança.

SABEMOS que, muitas vezes, o desânimo, a angústia, o medo e a ansiedade podem nos afastar da esperança. Parece que esses sentimentos estão diariamente presentes em muitas pessoas. Temos medo de adoecer, do desemprego, da fome, das drogas e, até mesmo, medo de morrer. Vivemos desesperançados. Mas, nunca percamos a esperança! Ela está dentro de nós e sempre nos mostra um caminho, um raio de luz nas piores situações, sofrimentos e dúvidas.

QUANTO mais difícil a situação, mais brilha esta pequenina estrela. Quanto maior a escuridão, mais as estrelas se tornam visíveis. Quanto mais escura a noite, mais cresce a certeza da aurora. A Terra já foi definida como vale de lágrimas. É a esperança que seca essas lágrimas e faz, novamente, as pessoas sorrirem. A esperança, diz o povo, é a última que morre. Por isso, faz parte de nossa condição humana sermos Peregrinos de Esperança.

O SER HUMANO pode perder tudo, menos a esperança, porque ela se firma em Deus.
A esperança humana é sempre fraca, débil, e às vezes morre. Mas, a esperança cristã não morre, porque é certeza. Ela é irmã gêmea da Fé e nos conduz pelos difíceis caminhos da vida até à casa do Pai. O apóstolo Paulo garante: “Não temo, pois sei em quem depositei minha esperança” (2Tm 1,12). E conclui: “É pela esperança que somos salvos” (Rom 8, 24).

NOSSA VIDA e nossa história tem data de chegada e data de partida. As lápides dos cemitérios costumam registrar o percurso do tempo que por aqui passamos. Mas, para onde vamos? Viemos de um passado, vivemos num presente, rumo a um futuro que nos coloca sempre em estado de peregrinos. E Jesus disse: “Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas…Vou preparar-vos um lugar,” (Jo 14,1-2).

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]