Acorda Cidade
Dois eventos culturais do calendário da Universidade Estadual de Feira de Santana, o Festival de Sanfoneiros e a Caminhada do Folclore, não serão realizados esse ano. O motivo é a atual situação orçamentária da Instituição, que enfrenta dificuldades financeiras para o exercício de 2015. Outros dois importantes eventos foram mantidos: o Bando Anunciador e o Aberto.
De acordo com Rosa Eugênia Vilas Boas, diretora do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), unidade responsável pela execução dos eventos, a realização do Festival e da Caminhada demandaria um custo estimado de R$ 171 mil, valor que a Administração Central da Uefs não tem como disponibilizar nesse momento, já que teve seu orçamento reduzido em R$ 1,8 milhão em relação ao ano de 2014. Em comparação ao exercício de 2013, a redução é ainda maior: cerca de R$ 6 milhões.
Tradicionalmente realizado no mês de maio, o Festival de Sanfoneiros, que esse ano estaria em sua 8ª edição, chegou a mobilizar um público de mais de 1.500 pessoas em 2014. As últimas edições do evento registraram a presença de sanfoneiros de diversos estados, que disputaram premiações em dinheiro em duas categorias: até oito baixos e acima de oito baixos. E já contou também com a participação de músicos renomados, como Targino Godim, Celo Costa e Carlos Capinan, no corpo de jurados, e de Xangai, que encerrou o Festival do ano passado.
Realizada há 15 anos ininterruptamente, a Caminhada do Folclore, por sua vez, chegou a ter a participação de mais de 100 grupos folclóricos de Feira de Santana e de mais dez municípios circunvizinhos, tendo se tornado um importante espaço para as mais diversas manifestações da cultura de raiz.
Oficinas
Segundo a professora Rosa Eugênia, nem o apoio de alguns parceiros, que anualmente colaboram para a realização dos eventos, seria suficiente para cobrir os custos. "Foi uma decisão difícil. Lamentamos muito, mas seria irresponsabilidade manter os eventos. Não tivemos verbas sequer para empreender a logística que o Festival e a Caminhada demandam nos meses que antecedem a realização dos mesmos, a exemplo das viagens para a divulgação da abertura de inscrições em outros municípios", ressaltou, lembrando que os eventos não poderiam ser redimensionados sem um estudo prévio.
Sobre a continuidade no próximo ano, Rosa Eugênia salientou que ainda não há uma perspectiva, mas que a Instituição, reconhecendo a importância dos eventos para a cidade, espera ter condições de voltar a realizá-los em 2016. "Nosso esforço será em prol da continuidade, ainda que, futuramente, precisemos adequá-los à realidade orçamentária. Para esse ano, vamos manter dois outros eventos importantes do calendário municipal: o Bando Anunciador, que desfila pelas ruas da cidade em 19 de julho, e o Aberto, a ser realizado no dia 18 de setembro", informou.
Conforme o professor Aldo José Morais Silva, assessor do Cuca, a Instituição também está realizando ajustes nos custos de manutenção das 89 oficinas e cursos básicos nas áreas de artes visuais, música, teatro, dança e atividades corporais. "O objetivo é tentar mantê-los em funcionamento sem nenhum prejuízo para comunidade feirense, principal público-alvo dessas atividades. A oferta desses cursos tem grande relevância, já que se trata de um projeto de inclusão social, que visa o acesso à arte e à cultura por parte de pessoas que normalmente não têm essa oportunidade", destacou.
Na opinião da vice-reitora da Uefs, professora Norma Lúcia Almeida, essa medida, ainda que temporária, “representa um duro golpe para a cultura popular regional, diminuindo a visibilidade de grupos tradicionais e interditando a apresentação de jovens sanfoneiros”. Aponta, também, conforme salienta, “para um encolhimento do importante papel da Uefs na fomentação de atividades culturais”.