Rachel Pinto
O dia 20 de novembro celebra o dia da Consciência Negra. Um marco histórico na sociedade brasileira e o dia da morte de Zumbi dos Palmares. Ele foi uma grande liderança negra e lutou para preservar o modo de vida dos africanos, escravizados que conseguiam fugir da escravidão e constituíam os quilombos. A escravidão no Brasil durou 400 anos e deixou marcas que até hoje se sobressaem na sociedade. O Novembro Negro, mês que tem o Dia da Consciência Negra traz as reflexões sobre como a cultura escravista ainda está impregnada no dia a dia, as lutas para combater o racismo, o preconceito e como acontece o processo de reparação social para o povo negro. Além disso, a consolidação das suas lutas, seus direitos e o que mais precisa ser conquistado.
O sociólogo Ricardo Aragão explicou que o dia 20 de novembro e as celebrações durante todo o Novembro Negro convidam a sociedade a refletir sobre o negro na sociedade e sua importância. Para ele, a chaga da escravidão ainda está aberta e apesar da abolição. A cor da pele ainda é um fator condicionante para as relações, as oportunidades, assim como o racismo é evidente.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
“O dia 20 remete a luta dos palmarinos. Por uma sociedade mais justa e igual. Nós temos 34% da população brasileira hoje que é autodeclara negra. Mas, quando vamos para os extratos superiores, de renda, de educação , de acesso aos serviços, essa porcentagem cai drasticamente. Apesar do sistema de cotas que hoje tenta dar um impulso, a presença de negros no nível superior ela ainda está abaixo de 20%. Para se ter ideia, entre os 5% mais ricos da sociedade brasileira não há um único negro”, comentou.
Ricardo Aragão afirmou que o racismo no Brasil acontece no campo da pessoalidade. As pessoas exibem comportamentos racistas sem saber que estão sendo racistas. É um tipo atitude que é normalizadada e tida como comum.
“O racismo foi tido apenas como uma brincadeira. Como se sempre foi assim, às pessoas às vezes não se reconhecem racista. Uma pesquisa feita no ano de 2010, perguntou se as pessoas eram racistas e 95% da população respondeu que não se considera racista, mas 98% conhece alguém que é racista”, acrescentou.
O sociólogo afirmou que essa mudança de comportamento, de combate ao racismo e da valorização da história, da cultura do povo negro pode acontecer através da educação e do reconhecimento da importância que o negro tem na sociedade.
Para ele, quando as pessoas reconhecerem que a cor da pele, a melanina não são determinantes psicológicos nem de comportamento e todos passarem a ser respeitadas, pelas suas potencialidades uma nova visão de mundo vai acontecer.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.