Cultura

Mostra reúne quatro nomes afinados pela arte

Na Bahia, vários artistas trabalham os pequenos espaços, afirma Juraci Dórea, mas observa que se trata de uma opção eventual, que depende do momento e das circunstâncias.

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Juraci Dórea, Cesar Romero, Leonel Mattos e Bel Borba, quatro nomes reconhecidos na arte brasileira, com trabalho consolidado e produção continuada. Eles estão reunidos na exposição Bahia – Pequenos Formatos, que pode ser vista até 20 de novembro, no Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira.
Nessa mostra os artistas optaram por manter o mesmo repertório que os caracteriza, a técnica pintura sobre placa, com 10 quadros cada um, totalizando 40 trabalhos nas dimensões 25 X 20 cm, na horizontal, e o desafio de revelar suas miragens poéticas.

Curador da exposição, Cesar Romero afirma que, desde a Renascença foi grande o interesse por pequenos espaços. Uma das pinturas mais emblemáticas de Leonardo da Vinci, Dama com Arminho, de 1485, realizada em óleo sobre madeira, tem essa característica, para citar apenas um exemplo.
No Brasil não foi diferente. Milton da Costa, na sua série mais conhecida, Vênus com Pássaros; Maria Leontina, em Formas e em Os Enigmas, entre outros artistas, trabalharam em pequenas dimensões. Sem esquecer Leonilson, um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira, que se expressou por meio do pequeno formato.

Todas as dimensões são válidas e autossuficientes, pontua Cesar Romero, lembrando que a principal manifestação para a prática dos grandes formatos se deu na Bienal de São Paulo, em 1985, e se tornou moda entre os jovens artistas contemporâneos.

O artista observa que as transformações dos espaços urbanos, na atualidade, em que quase tudo se tornou disperso, compacto, impessoal, trouxeram reflexos importantes no universo das artes visuais. Não por acaso, colecionadores europeus e americanos investem mais nos pequenos formatos, valorizando essa tendência, que reúne fração complexa de um todo inatingível.

Na Bahia, vários artistas trabalham os pequenos espaços, afirma Juraci Dórea, mas observa que se trata de uma opção eventual, que depende do momento e das circunstâncias. Não é uma escolha ou um processo sistemático.

Segundo ele, a ideia da exposição partiu de Cesar Romero, que convidou os artistas, que pertencem, praticamente à mesma geração, levando em conta a coerência e trajetória de cada um. Cesar definiu o conceito da exposição, o formato das obras, as molduras e até a montagem, fez um trabalho de curadoria com muito rigor e profissionalismo, completa.

Em relação ao pequenos formatos, Juraci acha que a proposta faz o artista se concentrar no essencial. “Como o espaço é reduzido, somos forçados a eliminar o supérfluo, o acessório e focar na mensagem principal, que se revela por meio das cores e das formas”, diz ele, acentuando que o pequeno formato é uma espécie de poema, em poucas palavras, um haicai.

Desse modo, juntos, concordantes e afinados, os quatro artistas, que já realizaram variados formatos, revelam suas anotações da alma. Cada um com seu estilo particular, inconfundível: Juraci Dórea, com suas figuras que refletem o Nordeste, apresenta Outras Cenas Brasileiras; Cesar Romero e suas Faixas Emblemáticas; Leonel Mattos mostra sua arte em Signos Urbanos, enquanto Bel Borba demonstra sua versatilidade em Cor Sim Cor Também.
 

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