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A maneira que o Brasil se constituiu socialmente e culturalmente através da história ainda reflete na realidade do século XXI. na primeira mesa da festa literária internacional de cachoeira (Flica), que teve início na quinta-feira (24), as autoras Lilia Schwarcz e Eliana Cruz debateram como esta perspectiva impacta de maneira intolerante e racista na realidade atual. A mesa, mediada por Zulu Araújo e intitulada ‘Cartografias do Brasil Contemporâneo’, deixou o claustro do Convento do Carmo lotado.
Para a jornalista e escritora Eliana Cruz, diante de uma sociedade historicamente racista, a literatura pode dar voz aqueles que foram calados. “Este é o papel da arte. Ele tira o sujeito do lugar de um número e dá a ele um amor, um sentimento. Ele ganha um rosto, uma história”, pontuou.
Eliana também ressaltou o sofrimento da mulher negra no Brasil. “Tive que contornar diversas pedras que o racismo impõe para poder escrever e assumir esse lugar de enfrentamento”, disse.
Perante a tantas situações que intolerância que são observadas no cotidiano, Lilia explicou como teria surgido este tipo de sentimento que prevalece em diversas relações.
“Quando nos tornamos tão intolerantes? Isso não se resume a uma pessoa, a um lugar. Esta pergunta deve ser feita a nós mesmos. Vivemos nessa política odiosa do eu e do outro: eu sou justo e o outro é injusto. Cada um nós deve assumir o lugar de ser um multiplicador para denunciar e combater a intolerância”, afirmou.
Lilia também ressaltou a importância da nova geração na mudança do comportamento da sociedade brasileira. “Tá na hora de imaginar diferente e, através dos jovens, estamos vivendo um momento ‘descolonial’”, disse Lilian.
Confira a programação aqui https://www.flica.com.br/programacao/?prog=mesas