A história do sanfoneiro e sambador feirense Francisco Sena, conhecido como Bié dos 8 Baixos será contada através de um documentário que será exibido na Mostra Documentaire de Création, na cidade de Nice, localizada no sul França.
A exibição do documentário ‘Bié dos 8 Baixos’, de Eduarda Gama e Uyatã Rayra, ocorrerá no dia 15 de novembro, juntamente com mais dois documentários brasileiros: ‘Invasão Espacial’, de Thiago Forest, e ‘Copacabana Madureira’, de Leonardo Martinele.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Uyatã Rayra informou que o documentário narra a trajetória de Bié, como morador da periferia de Feira de Santana, que montado em uma bicicleta ia semanalmente ao Centro de Abastecimento, onde organizava um grande evento cultural para os frequentadores do entreposto comercial.
“Ele habitava no bairro George Américo, periferia de Feira de Santana, e toda segunda-feira, fazia uma odisseia entre o seu bairro e o Centro de Abastecimento. Bié, numa bicicleta circular, montava toda a estrutura para realizar um evento semanal na barraca de Dona Santinha. Então nessa bicicleta ele colocava a caixa de som, a zabumba, o pandeiro, a sanfona, cabos e ia de bicicleta, do George até o Centro. Chegando lá, os evento começava às 10h até às 18h. Era um grande evento, do qual participavam muitos sambadores da região”, contou.
Segundo o documentarista, o samba de Bié foi interrompido por determinação da direção do Centro de Abastecimento, e isso motivou a gravação da obra. Após o seu lançamento, o documentário já percorreu diversas cidades da Bahia e eventos internacionais.
“O documentário tem a direção de Eduarda Gama Canto e de co-direção de Uyatã Rayra, ele foi lançado em dezembro de 2018. A partir disso, a gente inscreveu o documentário de Bié em alguns festivais, dentre eles o In-Edit, que é um festival internacional de documentários musicais, um dos mais importantes do Brasil. Outro festival que ele participou foi o Curta Brasília, em 2019. No festival Curta Brasília, ele ganhou o prêmio de melhor montagem, e os montadores foram Augusto Bortoline e Eduarda Gama Canto. Então isso aí foi muito importante. A partir desse prêmio no Curta Brasília, o documentário foi convidado este ano para participar da Mostra na França, na cidade de Nice. Ele vai ser exibido no dia 15 de outubro, em uma Mostra de documentários brasileiros”, relatou.
Para Uyatã Rayra, a participação do documentário na Mostra que será realizada na França trouxe grande felicidade para seus idealizadores, sobretudo porque divulga a cultura sertaneja de Feira de Santana.
“A gente fica muito feliz que o documentário esteja participando desse festival. É relevante para a gente saber que conseguimos furar essa bolha, de além de ser exibido aqui no Brasil, conseguir que seja exibido em outros países. Anteriormente, a gente já tinha exibido em Moçambique e na África do Sul, em 2019, mas não foi em uma mostra tão importante quanto essa. Ficamos muito felizes, principalmente por ser uma manifestação de Feira de Santana, da cultura popular, que não era reconhecida nem Secretaria Municipal de Cultura e agora está sendo reconhecida por pessoas de outros países, especificamente a França”, destacou.
Ele ressaltou também que o público presente à Mostra pode esperar bastante samba de roda, de sanfona e do sertão.
“É um samba muito específico, que inclusive eu só via em Feira de Santana, com sanfona de 8 baixos, algo muito peculiar. Então, provavelmente, muitas pessoas que assistirem ficarão surpresas. Cabe ressaltar, por fim, que Bié veio a óbito em agosto do ano passado. Embora, ele tenha falecido e sua obra não tenha sido reconhecida em vida, um reconhecimento à sua altura, felizmente, a gente conseguiu manter três grandes registros dele: primeiro o documento, o disco, que é o EP ‘Bié dos 8 Baixos’, lançado em junho do ano passado e também o Arraiá de Bié”, concluiu.
Com informações da jornalista Maylla Nunes do Acorda Cidade
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