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A Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) chegou ao último dia, na manhã deste domingo (14), com a mesa 'Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras'. A discussão é parte do projeto da professora e doutoranda em Literatura e Cultura Dayse Sacramento, que se debruça sobre o livro 'Insubmissas Lágrimas de Mulheres', escrito por Conceição Evaristo, grande homenageada da 8ª edição da Flica.
Com a participação de um grupo de mulheres negras, o projeto orientado por Dayse analisa os 13 relatos que compõem a publicação de Evaristo. Na abertura da mesa, a pesquisadora ressaltou a pouca representação das mulheres negras na sociedade.
“Nós, mulheres negras, somos 27,5% da população deste país e não estamos representadas. Muitas vezes, temos as nossas representações negligenciadas nos espaços de poder. Temos como exemplo o boicote à eleição de Conceição Evaristo para a Academia Brasileira de Letras [ABL], uma instituição que, historicamente, nunca contou com a nossa presença, o nosso corpo, o nosso cabelo e o nosso texto dentro da ABL”, desabafou Sacramento.
Desde a última quinta-feira (11), a festa literária, patrocinada pelo Governo do Estado, promoveu mais de 20 horas de debates no claustro do Conjunto do Carmo. Mais de 22 atrações divertiram as crianças no Espaço Fliquinha. Na Casa do Governo/ Fundação Hansen Bahia, secretarias estaduais realizaram os diversos tipos de atividade, a exemplo de saraus, oficinas e bate-papos.
De acordo com o coordenador-geral da Flica e um dos idealizadores do evento, Emmanuel Mirdad, a 8ª edição é marcada pela consolidação definitiva da Flica. “A cidade está completamente tomada de gente participando da Flica. Agora vamos nos debruçar sobre os preparativos para a próxima edição, a exemplo da necessidade de ampliação do espaço. Tem muita gente na Bahia e fora que deseja vir para cá, já que a Flica agora reverbera como a segunda maior festa literária do país”, avaliou.
Questionado sobre a repercussão positiva de promover a discussão da representatividade da escrita de mulheres negras, Mirdad garantiu que a Flica sempre esteve atenta a públicos que não são contemplados nos meios tradicionais.
“A gente sempre trouxe os grandes autores nacionais, mas também os escritores independentes e editoras pequenas. Ao homenagear Conceição Evaristo, percebemos que era o momento de dar uma evidência maior às mulheres negras”, concluiu o coordenador.