Feira de Santana

Associação Cultural Moviafro divulga carta de repúdio a posicionamento de vereador

A carta declara indignação ao posicionamento do vereador Edvaldo Lima.

Acorda Cidade

A Associação Cultural Moviafro divulgou uma carta aberta de repúdio e indiginação ao posicionamento do vereador Edvaldo Lima, que no último dia (4) retirou do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) do município, textos que beneficiavam as religiões de matriz africana. Para a associação, a atitude do vereador demonstrou intolerância religiosa e comportamento discriminatório.
Leia a carta na íntegra:

Carta de repúdio e indignação

A Associação Cultural Moviafro, em nome de seu presidente, sua diretoria e seus associados vem por meio desta carta manifestar repúdio e indignação às atitudes do vereador no município de Feira de Santana, Edivaldo Lima e a todos que no último dia 04 de dezembro, coincidentemente dia em que se comemora Santa Bárbara/Yansã, numa explícita demonstração de intolerância religiosa retiraram os textos que beneficiavam as religiões de matriz africana no PDDU deste município.

Conforme diz a constituição Brasileira, (Art. XVIII) “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular”.

Na contra mão da luta por políticas que garantam o respeito à diversidade, o vereador do município de Feira de Santana, Edivaldo Lima demonstra mais uma vez a sua total aversão às religiões de matriz africana com uma ação claramente discriminatória e de intolerância. O exemplo mais gritante foi a retirada do texto que beneficiava os centros de Culto Africanos e a implementação do ensino afro religioso nas escolas do município que faziam parte do PDDU ( Plano Diretor de Planejamento Urbano e Territorial). 

Não é a primeira vez que o referido vereador age dessa forma demostrando total repúdio a essa religião que diferentemente de algumas outras, não prega o ódio e nem o preconceito. Muitos líderes dessas religiões aproveitam a falta de conhecimento de grande parte dos fiéis para os manipularem, injetando em suas mentes falsas informações e no caso dos religiosos políticos utilizam das mais sórdidas ferramentas para mudarem o foco de assuntos que são deverasmente mais necessários para a população. Taxar de diabólica e promover discurso de ódio e intolerância a outras religiões que diferem do cristianismo, além de crime previsto na Lei 9.459/1997 e Art. 208 do Código Penal – Decreto Lei 2848/40, pois fere a dignidade e liberdade humana, revela ignorância de outras realidades e tradições que fazem parte de um país Laico e multicultural como o nosso. O direito á liberdade religiosa é um princípio da igualdade. Por essa razão nós dos Movimentos Negros, Mulheres e seguidos por vários outros movimentos da cidade repudiamos a ação desse vereador que expressa a mais absurda demonstração de intolerância religiosa contra a religião de “Matriz Africana” e exigimos à permanência dos textos que foram retirados do programa. Declaramos o nosso total apoio e solidariedade a todos adeptos e simpatizantes das religiões de matriz africana já que um dos principais objetivos da Moviafro é de lutar por igualdade, respeito e aceitação. A Moviafro se posiciona contra todo e qualquer tipo de preconceito.

Vemos posturas fundamentalistas de lideres religiosos e adeptos, de maneira que em meio a estes, aparecem discursos de ódio que desrespeitam a liberdade de consciência e de crença, ao mesmo tempo em que desqualificam outras tradições de fé e distintas formas de amar e de existir.

Em tempos de inflexão e de discursos sectários é urgente superar a visão exclusivista do cristianismo e perceber que a pluralidade do mundo é uma realidade sem volta e a convivência entre diferentes, somente é possível com o reconhecimento de que o outro é outro e que é nosso dever ético superar os preconceitos, respeitar e darmos as mãos para construirmos uma sociedade justa para todos e todas.

Construir uma sociedade comum fraterna, uma verdadeira Oikoumene é nosso desejo e o nosso árduo trabalho. Promover uma sociedade comum de vivências plurais, nas quais as religiões possam respeitar umas às outras e aqueles que não professam uma religião onde os direitos humanos fundamentais sejam reconhecidos e efetivados. Exigimos um posicionamento dos demais vereadores até porque temos certeza que os senhores não foram eleitos apenas com os votos de católicos e protestantes entendemos que a liberdade de expressão é direito, mas, discursos e gestos de ódio como esses são crimes que geram violência, perseguições e mortes em todo o mundo, o que vai de encontro aos valores da fé cristã. Por fim, nos colocamos a disposição para de forma harmoniosa discutirmos e colocarmos em prática, ações efetivas de combate a todo e qualquer tipo de preconceito.

 

 

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