Andrea Trindade
Os muros da Rua do Telégrafo, no Conjunto Fraternidade, no bairro Tomba em Feira de Santana, ganharam um colorido especial neste domingo (30) com a criatividade e a arte de mais de 60 grafiteiros do Brasil, da Argentina e do México.
Selecionados pelo Grafitti Arte Feira (GAF) para participar de uma ação, os artistas deram vida e cor a vários metros de muros do bairro. Em sua quinta edição o evento teve dois dias de interação entre grafiteiro, estudantes e moradores.
O artista Charles Mendes, um dos organizadores do GAF, disse ao Acorda Cidade que a ação busca fortalecer a cultura do grafite e mostrá-la para as pessoas de Feira de Santana e de outros lugares.
“O que gerou o evento foi a vontade de movimentar o cenário artístico cultural de Feira de Santana. Em 2012 fizemos o primeiro evento aqui neste mesmo colégio, o Uyara Portugal, só que no outro lado do muro, e depois só ficamos um ano sem fazer. O GAF é um evento que sempre contempla uma escola ou instituição e que leva entre 80 e 120 artistas da Bahia e de outros estados e países para fortalecer a cultura do grafite. O objetivo também é fazer com que as pessoas despertem um olhar diferente e se interessem por esta arte”, informou.
Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade
Além da pintura nos muros, o GAF promoveu oficina com alunos da Escola Uyara Portugal, uma ação social com pinturas em residências e movimentou o comércio do bairro por conta da quantidade de pessoas que o evento atraiu.
Charles disse que pra se tornar um grafiteiro é importante ter aptidão para desenho e praticar. “Basicamente é ter força de vontade, um pouco de talento para desenho e praticar bastante em casa ou em locais com autorização”, pontuou.
Segundo ele, a cada evento o GAF tem conseguido mais espaços na cidade e por onde passa leva o regionalismo, uma vez que em suas artes sempre há desenhos que representam Feira de Santana.
Entre os artistas de outros países, estava o argentino José Sasia. Ele disse ao Acorda Cidade que pintava nas ruas desde criança e que gosta muito da arte do grafite.
“Eu acho que o melhor que tem no grafite é quando estamos nas ruas e as pessoas perguntam qual a mensagem da arte. Recebi por meio de amigos um convite para participar, fui selecionado e viajei para cá. Acho muito bom participar e já estive em centenas de ações. A dica que eu dou para quem quer fazer grafite é que se jogue de cabeça na arte. Aqui temos muita técnica e muito tempo de arte e não pode ser usado qualquer material para grafitar. Há quem se opõe a arte popular e o grafiteiro sofre muito com isso, porque tem pessoas que acham que é crime e não é”, destacou agradecendo ao GAF por estar participando do projeto.
Muito mais que desenhos, o grafite leva uma mensagem social e pensamentos coletivos. Ele não pode ser confundido com pichação porque a pichação sim é crime, grafite é arte. (Lei nº 12.408, de maio de 2011.)
Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade