As dependências do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) se transformaram em um verdadeiro mosaico de arte e cultura nesta sexta-feira (18). A festa de aniversário – são 14 anos de funcionamento – não poderia ser mais democrática: um espaço aberto a todas as linguagens, com manifestações ininterruptas das 8 às 22 horas.
O Aberto 2009, que acontece pelo terceiro ano consecutivo, reúne no Cuca, no Teatro da CDL e na praça Monsenhor Renato Galvão (Matriz), simultaneamente, as mais variadas atividades. Fica até difícil escolher o que apreciar, entre exposição de artes plásticas, oficina de cerâmica e pintura, mostra de artesanato, feira literária, shows musicais ou apresentação de dança.
As bonecas ecológicas
Foto:Andréa Trindade
Lá estavam elas, perfiladas sobre um banco, como garotas arrumadas pela mãe para uma festa de aniversário: Dalila, Rosinha, Cremilda, Tainá… São as bonecas ecológicas criadas pela artesã Marilene Brito, do distrito Governador João Durval Carneiro (antigo Ipuaçu).
Elas tem nome, sim. São de todos os tamanhos e feitios, mas a roupagem tem em comum os tons coloridos dos tecidos. Lembrando as antigas bonecas de pano, as peças são feitas com armação de arame e revestidas com sacos plásticos.
Foto: Andréa Trindade
Marilene já expôs noMuseu Casa do Sertão, no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e no 7º Mercado Cultural Mundial, realizado no salão da reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba).Suas bonecas artesanais são vendidas para vários países.
O autor do Hino a Pedrão
Jorge Galdino tem 59 anos, é funcionário público na cidade de Pedrão, poeta e escritor. Ele trouxe para o Aberto do Cuca as “Histórias e Estórias” da terra natal; “Pedrão, um pedacinho da Bahia”; a coletânea de poemas “Um pensamento nato”; e um “Tributo a Jorge Amado”, livro em que presta homenagem ao xará famoso.
Acompanhado da professora Ana Rosa Nepomuceno e da técnica administrativa Angélica Maria Ferreira de Souza, Jorge Galdino não escondia a felicidade em participar do evento e mostrar as suas produções literárias. A propósito, ele também compõe. “Inclusive o Hino a Pedrão fui eu que fiz”, conta, com a maior simplicidade.
Um potiguar no sertão
Há 31 anos Lucas de Oliveira descobriu o gosto pela cordel e pela viola. Aí não teve mais volta. Hoje, aos 69 anos, ele faz de sua obra um instrumento de alerta para problemas sociais, ambientais e comportamentais. Seus 16 livros falam da necessidade de preservar o planeta, dos direitos da mulher, de direção defensiva (se for dirigir, não beba). Lucas é natural da cidade de São Rafael, no Rio Grande do Norte, mas vive em Feira de Santana.
Cultura nordestina
A cultura popular, especialmente a nordestina, é o tema recorrente dos livros de cordel de Jurinaldo Alves da Silva, que veio de Baixa Grande para Feira de Santana há 45 anos e nunca mais foi embora.
Revista de Arte
Logo pela manhã, na CDL foi lançado o primeiro número da Quanta – Revista de Arte, reunindo ensaios fotográficos desenvolvidos pelos artistas Maristela Ribeiro, Juraci Dórea, Edson Machado e George Lima, além de obras do francês Louis Pavageau, que incluiu Feira de Santana no roteiro de sua recente residência artística. Esta foi a homenagem póstuma prestada pelos criadores da revista ao artista francês.
De acordo com Juraci Dórea, Quanta é uma publicação experimental, voltada para a arte contemporânea. O objetivo é abrir espaço para a experimentação nos vários campos da arte. “Editada pela Daqui Editora, a revista pretende ser um lugar de compartilhamentos poéticos, de debates e também de reflexões sobre o cotidiano”, define o artista.
Contador de “causos”
No espaço Potiguar, uma iniciativa do Blog da Feira, quem deu a nota foi Julio Rodrigues Filho, natural de Caicó, no Rio Grande do Norte, mas radicado em Feira de Santana há 49 anos. Ele atraiu a atenção do público ao contar os “causos” do Curió o Cantador, o Bêbado, o Médico e o Banho, entre outros bem interessantes.
Aposentado, Julio conta casos e “causos” em emissoras de Rádio, escolas e outros espaços para onde é convidado. Ele diz que sempre foi atraído por palestras de pessoas mais velhas feitas em praça pública e até mesmo em calçadas das residências, o que era comum na sua juventude em Caicó. “Foi a partir daí que tomei gosto por esse tipo de cultura, conta Júlio”, que também foi camelô durante 35 anos.
Show da prata da casa
Eles deram show no Teatro de Arena do Cuca. Célia Zain, Gorete, Nilton Rasta e os Gatos Pingados, dentre outras atrações garantiram o clima na tarde/noite. Em volta do espaço, exposição de serigrafias, literatura de cordel e outras publicações da literatura popular, reafirmando a proposta do evento de integrar todas as linguagens artístico-culturais.
Paisagem Fragmentada
Na galeria de Arte Carlo Barbosa, o destaque ficou por conta da exposição fotográfica “Paisagem Fragmentada”, do artista mineiro Silvério Guedes. A mostra fica aberta ao público até 28 deste mês e reúne 15 trabalhos do fotógrafo, natural de Barbacena, um funcionário público que se define como um aprendiz.
Com informações da Acom/Uefs
Fotos: Andréa Trindade