Bahia
Estudantes baianos criam projeto para mapear locais de roubos
Criadores são alunos de Ciências da Computação da UFBA, em Salvador. Site com a ferramenta deve começar a operar no próximo mês de junho.
Acorda Cidade
Dois jovens estudantes do curso de Ciências da Computação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, criaram um projeto que tem o objetivo de mapear, através de informações de usuários deixadas no site que hospeda a ferramenta, os locais onde foram registradas ocorrências policiais, como roubo ou furto de objetos. Batizado de "Onde fui roubado", o projeto está em fase de conclusão e deve estar disponível para os usuários em meados de junho.
A ideia dos estudantes baianos é que o site receba acessos de todo o Brasil e que seja um serviço prestado à população, além de servir de auxílio para a polícia. O projeto foi criado há cerca de um ano pelos estudantes Márcio Vicente e Fellipe Norton, ambos de 22 anos, que estão no 7ª semestre do curso. Vicente conta que a ideia surgiu a partir de uma conversa com o colega. Os dois pensaram no projeto, fizeram uma pausa e retormaram a ideia no início de 2013.
"Todo programador quer criar o próximo Facebook. Sempre fomos tentando criar algo inovador e que fosse para todo mundo. A gente foi tentando e, em uma conversa informal, ele falou essa frase, 'onde fui roubado', e pensei que podia render um projeto. Começamos a perguntar o que as pessoas achavam e tivemos um feedback positivo. Então, fomos bolar como fazer. Começamos a desenvolver, desenhar, em dezembro de 2012. Criamos o hotsite para mostrar a cara do projeto. A gente lançou a home e começou a fazer a parte do sistema técnico", disse o estudante.
O projeto dos dois alunos de Ciência da Computação da UFBA não tem relação com os índices de violência na Bahia. Eles também afirmam que não têm a intenção de induzir vítimas de roubos ou furtos a não registrar o caso na delegacia e reconhecem a importância do Boletim de Ocorrência. Isso é ressaltado na página inicial do site.
"É uma rede social colaborativa, as pessoas ajudando as pessoas. Muita gente tem deixado de registrar ocorrências, por vários motivos, pessoas que perdem celular, carteira, relógio, pouco fazem Boletim de Ocorrência. A gente pensou em levantar esses dados [colocados no site] e passar para a polícia e a população. Tipo os horários que acontecem mais roubos em certa região ou mês, por exemplo. O projeto não é focado só na Bahia, a gente dá enfoque maior aqui porque é onde a gente reside. Por enquanto, os acessos do site são na maior parte de São Paulo", afimou.
O sistema do "Onde fui roubado" vai funcionar com auxílio de mapas do Google. O estudante Márcio Vicente garante que o projeto não teve como base nenhum outro aplicativo. "Os mapas do Google serão usados, mas não teve nehuma referência de um aplicativo que já existe. A gente foi descobrir depois que existe uma ideia bem parecida, mas não lembro o nome agora. A gente não usou nenhum outro [projeto] como ideia de base nem de tecnologia", afirmou Vicente.
Os estudantes não consultaram a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP), mas chegaram a participar de um edital da Fundação de Amaparo à Pesquisa do Estado. O projeto de Felipe e Márcio ficou em sexto lugar, entre os mais inovadores, mas não foi contemplado na seleção. "A gente quer primeiro ver se as pessoas vão usar. A gente quer ajudar a população, a polícia. Inicialmente, é so disponibilizar pra ver se cai no gosto e depois a gente pensa em parcerias com governos", disse Márcio Vicente.
Trotes
O sistema da ferramenta terá mecanismos para evitar casos de trote. Segundo o estudante, é uma medida para tentar evitar registros de falsas vítimas. "Casos de trote a gente não tem como acabar. A gente pensa em fazer alguns mecanismos de validação usando o IP. Por exemplo, sete dias para o mesmo IP cadastrar nova queixa. E tem questao do spam e conscientização das pessoas também, do bom uso, do cara saber que aquilo é para ele", completa.
Orientações
O G1 consultou a SSP-BA e dois delegados da Polícia Civil para falar sobre a ferramenta. Ambos ressaltaram a importância dos cidadãos registrarem o Boletim de Ocorrência para munir a polícia de informações que possam ser usadas no combate aos crimes cometidos.
Dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado revelam que as principais ocorrências policiais registradas em unidades convencionais (delegacias territoriais), nos três primeiros anos de 2013, foram roubo de carro, homicídio doloso (quando há a intenção de matar) e furto de veículos. No total, nesse período, foram 1.616 roubos de carro, 442 homicídios dolosos e 422 furtos de veículos.
De acordo com o delegado Adailton Adan, titular da 22ª Delegacia, em Simões filho, região metropolitana de Salvador, algumas pessoas deixam de fazer o Boletim de Ocorrências, principalmente em casos de pequenos furtos e até de roubos ou assaltos de pequenos objetos, como celular e carteira. O delegado ressalta a importância de levar qualquer tipo de crime ao conhecimento da polícia para que a mesma trabalhe no combate destes. "Não tendo conhecimento do delito, a polícia não pode fazer prevenção. É muito importante fazer o registro. O mapeamento [dos crimes] vai ser de suma importância para termos acesso e fazermos melhor a prevenção", disse Adan.
Delegacia Digital
Além das delegacias territoriais, espalhadas pelos pricipais bairros de Salvador e da região metropolitana, a população também pode fazer um Boletim de Ocorrência, a depender da situação, através da Delegacia Digital, na internet.
A SSP indica que algumas ocorrências também podem ser registradas na Delegacia Digital, na internet. O cidadão recebe o BO por e-mail e pode acompanhar o andamento das investigações pela página da unidade policial. Segundo o delegado Jairo Mendes, que trabalha na unidade virtual, o serviço evita que a pessoa se desloque para a unidade convencional.
Podem ser registrados através do site da Delegacia Digital, casos de perda furto ou roubo. Em situações de roubo de grande porte (altos valores, muitos objetos), o cidadão deve procurar uma delegacia territorial, indica Mendes.
Ainda segundo o delegado, os casos mais comuns registrados na unidade são perda, furto ou roubo de celular em locais como ponto de ônibus, dentro do coletivos, shopings e via pública. As mulheres são os principais alvos no casos de crimes.
Jairo Mendes explica que, ao fazer um registro na Delegacia Digital, o cidadão recebeu na hora uma certidão digital para que possa fazer a 2ª via de documentos, pro exemplo. Antes, é checado se a vítima é mesmo portadora dos documentos citados na ocorrência digital. As informações são do G1.
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