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Vereador será investigado após quebrar protocolos sanitários ao abrir caixão lacrado em cemitério de MG

O parlamentar William Faria queria provar que o idoso, de 92 anos, não havia morrido de Covid-19. Mesmo com sintomas da doença, teste rápido deu negativo. O resultado do teste PCR ainda não foi divulgado.

Acorda Cidade

Um vereador de Santa Bárbara do Leste (MG), William Faria (afastado do PT), será investigado por ter quebrado o protocolo sanitário de prevenção à Covid-19. O parlamentar abriu o caixão de um idoso, de 92 anos, antes mesmo de enterrar, com o intuito de mostrar que ele não teria morrido de Covid-19.

Quem entrou em contato com o vereador foi a família do idoso, que não acreditava que ele havia morrido de Covid. Segundo os protocolos de prevenção da doença, os velórios e enterros de mortos com Covid ou com suspeita precisam ser feitos com o caixão lacrado. Além disso, é preciso evitar aglomerações no local.

Segundo o Hospital Irmã Denise (Casu), que fica em Caratinga (MG), José Vieira do Carmo morreu com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e com sintomas de Covid-19. O idoso deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Caratinga no sábado (24) à noite. Em seguida, foi transferido para o hospital e, poucas horas depois, morreu.

De acordo com a família do idoso, ele fez o teste rápido e deu negativo. Depois disso, o homem fez um segundo teste, desta vez o PCR, e cujo resultado ainda não foi divulgado. Por ser diagnosticado com suspeita de Covid-19, o corpo do idoso foi levado para a funerária, onde o caixão foi lacrado, e depois encaminhado ao cemitério.

Segundo a neta do idoso, Graziela Vieira do Carmo, ele precisou ser intubado, mas não suportou o procedimento. "Por ser intubado, ele não aguentou a intubação. Foi feito o teste de Covid rápido e deu negativo. Então, ele foi para o Casu. Chegou no Casu, ele nem ficou tanto tempo. Era para terem colocado no prontuário médico, pois se é suspeita de Covid, a família tem que saber", disse Graziela.

Segundo o parlamentar, não há menção à Covid no documento que ele diz ser um laudo — e sim que ele morreu de insuficiência respiratória. Após a repercussão do caso, o PT, partido de William Faria, anunciou seu afastamento da legenda.

Os familiares informaram que o aposentado sempre apresentou problemas de saúde. Ele já havia tomado a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e, na próxima semana, iria tomar a segunda. A eficácia máxima varia de acordo com cada vacina e a imunidade acontece a partir de dez ou vinte dias após a segunda dose.
A família do senhor que morreu questionou o protocolo, já que eles queriam velar o idoso e o e teste rápido havia dado negativo. Foi por isso que os parentes do homem resolveram entrar em contato com o vereador.

Quebra de protocolos
Ao chegar ao cemitério, o parlamentar abriu o caixão, que estava lacrado, com um facão. Depois, ele tocou na sacola que envolvia o corpo do idoso.

"Nós não podemos enterrar um cidadão com dúvida. Não é simplesmente pegar um cidadão e empacotar ele e falar que é Covid. A gente tem que ter certeza do que está fazendo", afirmou o vereador.

Em um vídeo que foi gravado uma funcionária da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Santa Bárbara do Leste aparece concordando com as falas do vereador. Em nota, o município disse que ela se sentiu pressionada e que foi induzida pelo parlamentar. A prefeitura disse ainda que discorda totalmente da ação irresponsável do vereador, que expôs todos que estavam no local ao risco de contaminação.

Investigação
A Polícia Civil informou que o vereador será investigado por crime de infração de medida sanitária preventiva, já que o resultado do teste PCR só é divulgado em três dias.

O presidente da Câmara Municipal de Santa Bárbara do Leste se manifestou em um vídeo. Segundo ele, a conduta do parlamentar será investigada.

"A Câmara Municipal esclarece que a conduta do vereador será devidamente investigada por uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Tão logo o processo seja concluído, daremos maiores esclarecimentos sobre as medidas adotadas em razão deste lamentável evento", afirmou Altair Nunes Ferreira, presidente da Câmara.
Procurado pela reportagem, o vereador afirmou que está à disposição da justiça e que não concorda que o corpo tenha sido liberado para enterro sem o resultado do exame, o PCR, que vai apontar, de fato, a causa da morte. "Nós não podemos enterrar um cidadão com dúvida. Não é simplesmente pegar um cidadão, empacotar e dizer que é Covid".

Fonte: G1

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