Acorda Cidade
O final de ano vai ser menos saboroso para quem dá tudo para churrasco. O preço da carne, cada vez mais, deve ser empecilho para quem deseja assar uma carne e comemorar o Natal e o Ano Novo com a família ou os amigos.
Mas você sabe por que o preço da carne subiu tanto nas últimas semanas?
Os cortes vendidos nos mercados tiveram alta de 11% no mês passado. O resultado disso foi sentido na inflação, que subiu 1,21%.
Com isso, no acumulado do ano, a alta de preços dos supermercados ficou em 3,24%. Em 12 meses, chegou a 3,79%. No mesmo período, as carnes subiram 12,5%.
Os maiores aumentos foram do coxão mole, com alta de 14,8% somente em novembro, e o contrafilé, que subiu 13,9% no mês.
Um dos principais fatos que impulsionam a alta no preço da carne é a alta exportação para a China. O país asiático enfrenta queda de produção de suínos desde o fim de 2018 por causa da peste suína africana que atinge a região. Com isso, passou a comprar mais carne de fora e buscar outras proteínas também, não só a de porco.
O resultado desse processo é a diminuição da oferta em solo brasileiro, deixando o alimento mais raro e em menor quantidade. Mais demanda e menos oferta geram o aumento de preço.
“A China vai demorar para poder recompor todo o estoque das suas matrizes. Pode demorar de dois a três anos para que tudo possa voltar a patamares normais. Parte disso vai ser suprido por importação de carne bovina e o Brasil está entre esses países exportadores. Nossa produção de carne bovina é bem grande”, diz Julia Passabom, economista especialista em inflação do Itaú Unibanco, à revista Exame.
Na mesma publicação, Sérgio Vale, que é economista-chefe da MB Associados, argumenta que “com o Ano Novo Chinês, em janeiro, essa pressão deve se manter”, enquanto Álvaro Bandeira, economista- chefe do banco ModalMais afirma que “daqui a três ou quatro meses, isso deve se normalizar”.
A China é o maior consumidor de carne bovina do mundo, mas a gripe africana que assolou o país fez com que cerca de 40% dos animais precisassem ser abatidos para não espalhar a doença. E como o vírus não apresenta perigo para o consumo humano, esse estoque ainda durou por um tempo, mas o efeito da escassez eventualmente chegou ao preço.
O Ministério da Agricultura já afirmou que está acompanhando de perto a situação e acredita que o mercado “vai encontrar o equilíbrio”. “Os preços são regidos pela oferta e procura. Neste momento, o mercado está sinalizando que os preços da carne bovina, que estavam deprimidos, mudaram de patamar”, afirmou, em nota, na reportagem publicada pelo portal UOL.