13 de maio é o dia em que se comemora a Abolição da Escravatura. Além de ser uma data em que foi assinada a Lei Áurea, em tese, para conceder a liberdade aos escravizados, teoricamente, o dia 13 de maio não é comemorado pelo movimento negro. Isso porque a lei não garantiu o fim da escravidão de forma reparativa.
Sobre este assunto, o Acorda Cidade conversou com o sociólogo, cientista político e antropólogo Ricardo Aragão.
Inicialmente, ele explicou que a libertação dos escravizados na verdade, se tratava de um ato político que provocou discriminações refletidas até os dias atuais.
“A questão é complexa como toda questão histórica, mas podemos pontuar alguns elementos, como por exemplo uma abolição incompleta. Uma abolição que não levou em conta qualquer tipo de compensação ou reparação aos escravizados, não houve qualquer política de inclusão social e econômica para os escravizados e isso provocou uma desigualdade persistente, a ausência de políticas de inclusão é um processo crescente de racialização da sociedade brasileira com adoção de teorias racistas na condução das políticas e isso provocou uma discriminação persistente e histórica que tem consequências até hoje”, disse.
O sociólogo completou ainda que apesar de deixar de reconhecer o direito à propriedade de uma pessoa sobre outra, a abolição foi uma conquista dos próprios escravizados. Mas, também, apaga o nome de grandes influências que foram cruciais na libertação do movimento.
“Além de tudo, essa data ela reflete apenas a data em que o Brasil, o último país do ocidente a abolir a escravidão finalmente abdicou desse modelo de trabalho compulsório centrado no comércio de seres humanos principalmente os africanos e é uma data que reflete apenas uma assinatura de um documento, ela não reflete as lutas do movimento negro, ela não valoriza o processo de lutas do movimento negro, de seus autores como Zumbi dos Palmares, André Rebouças e uma série de heróis que foram heróis do processo de libertação dos africanos e seus descendentes do Brasil”, concluiu.
Ainda conforme o professor, o dia evidenciado pelo movimento negro costuma ser o dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra em que destaca importância das discussões e ações para combater o racismo e a desigualdade social no país.
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