Um grupo de policiais corruptos está sendo investigado pela cúpula da Segurança do Rio, suspeito de dar cobertura, em troca de dinheiro, aos traficantes do Complexo do Alemão. Eles negociariam valores semanais com os bandidos da Vila Cruzeiro e do Morro do Alemão, entre outras favelas do Rio. Em troca do dinheiro, não reprimiriam o tráfico de drogas, a circulação de "bondes" e o acesso de viciados às favelas. Também seriam responsáveis pelo repasse de drogas, armas e munição apreendidas com quadrilhas rivais.
A investigação vem sendo realizada pela cúpula da Secretaria de Segurança há mais de um ano, quando informações anônimas de moradores passaram a ser enviadas ao Disque-Denúncia, serviço mantido pelo governo para receber relatos anônimos. Segundo fontes consultadas pelo GLOBO, o grupo trabalharia em setores operacionais da polícia, atuando inclusive na repressão ao tráfico.
Durante a ocupação da Vila Cruzeiro, moradores relataram a repórteres que policiais costumavam encontrar chefes do tráfico na Rua Cajá.
– Eles encontravam os traficantes e recebiam mesada – disse um morador.
Policiais que estão no centro de controle das operações contra o crime no Rio também passaram a investigar a participação de policiais em ações de saques – conhecidas como "espólio de guerra" -, na Vila Cruzeiro. Depois de ocupada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), moradores teriam denunciado que policiais estão recolhendo pertences abandonados por bandidos.
A expressão "espólio de guerra" foi criada durante grandes guerras. Inicialmente era tratada como um título militar concedido aos guerreiros mais valorosos. Os militares eram autorizados a ficar com algo que os inimigos deixavam cair ao serem derrotados.
No Rio, a participação de policiais em ações de "espólio de guerra" ficou conhecida com a prisão, em 2005, de seis policiais federais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal do Rio e um "X-9" (informante). As prisões aconteceram depois que foram acusados, por um escrivão da própria Polícia Federal, de integrarem uma quadrilha que desviava droga apreendida pela PF para traficantes dos morros, além de cometer outros crimes. Ainda segundo o policial, o grupo roubava dinheiro e outros bens durante as operações da PF. Essas ações eram conhecidas entre eles como "correrias", e os bens roubados tratados como "espólio de guerra".
Também naquela ocasião o policial federal informou que esses roubos eram realizados durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça. Os roubos seriam práticas comuns e de conhecimento de outros agentes da DRE do Rio.
( As informações são do O Globo)