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Vídeos gravados por câmeras do circuito interno de segurança mostram um pedreiro fazendo reparos nas colunas do Edifício Andrea, em Fortaleza, minutos antes do prédio desabar no dia 15 de outubro. Quatro das cinco pessoas que aparecem nas imagens conseguiram sobreviver. A síndica, que acompanhava as obras, é considerada desaparecida.
Nas imagens obtidas pelo G1 aparecem dois engenheiros – José Andresson Gonzaga dos Santos e Carlos (sobrenome não informado) –, o operário Amauri (sobrenome não informado), a síndica, Maria das Graças Rodrigues, 53 anos, e o porteiro do prédio, Francisco Rodrigues Alves, 59 anos.
O porteiro, o pedreiro e dois engenheiros conseguiram correr e escapar. Já a síndica, que acompanhava o início de obras no local, está desaparecida
Ao todo, seis pessoas morreram na tragédia. Sete foram resgatadas com vida e quatro estão desaparecidas.
Veja como foi a movimentação no prédio antes do desabamento:
9h54: um dos trabalhadores começa a quebrar um dos pilares do prédio.
9h55: o homem recebe orientações de dois engenheiros.
9h56: o operário usa ferramentas para retirar o concreto da coluna.
9h57: a base coluna fica bem fina, quase sem concreto, enquanto o trabalhador continua batendo com as ferramentas.
9h58: os engenheiros retornam ao local e orientam novamente o operário.
9h59: moradores transitam pelo estacionamento durante os trabalhos.
10h08: uma grande estrutura, o que aparenta ser um reboco, cai da parede na entrada do edifício.
10h09: os engenheiros vão observar o que aconteceu no local.
10h27: o cimento de partes das paredes continua caindo.
10h28: engenheiros e a síndica observam o que acontece na entrada do prédio.
10h28m38s: a síndica retorna ao estacionamento do imóvel e não é mais vista.
O retorno da síndica Maria das Graças ao estacionamento acontece poucos instantes antes de o imóvel desabar, por volta das 10h30. Em outro vídeo, que mostra o desabamento, é possível perceber o momento em que ela é atingida pela estrutura do prédio.
Reforma no prédio
O engenheiro técnico apontado em documento como responsável pela reforma e proprietário da empresa Alpha Engenharia, José Andreson Gonzaga dos Santos, disse à polícia que iniciou as obras no prédio no último dia 15 de outubro. No entanto, moradores afirmaram que a reforma começou no dia 14 de outubro, um dia antes da tragédia.
"Eu ainda reclamei daquele serviço. O cara descascou todas as colunas. Cinco colunas. Quando ele foi mexer no pilar principal, deu um 'papoco', os ferros estouraram e o prédio desceu", afirma Paulo Bezerra Martins, morador do primeiro andar do edifício Andrea.
Segundo o engenheiro, a obra para recuperação dos pilares e das vigas do condomínio foi orçada no valor de R$ 22.200. Ele afirmou à polícia que os pilares estavam com as ferragens com nível alto de corrosão. No momento do acidente, Andreson e os funcionários estavam no condomínio, mas não chegaram a ficar sob os escombros.
O que se sabe até agora
Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro
Até a última atualização desta reportagem, havia 6 mortos, 7 resgatados com vida e 4 pessoas desaparecidas
As colunas do prédio estavam com alto nível de corrosão, e uma obra era feita no local no dia do desabamento
A prefeitura disse que a construção do edifício foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
Fonte: G1