Estou bem de coração e de consciência, diz Alexandre Nardoni

O pai de Alexandre Nardoni, o advogado tributarista Antonio Nardoni, afirmou nesta segunda-feira, antes de entrar no tribunal do júri, que conversou com o filho no domingo e que Alexandre disse estar com o pensamento positivo e confiante. “Estou bem de coração e de consciência”, afirmou o réu de acordo com o pai. "Agora é o momento de esclarecer que as coisas não são exatamente como apareceram na mídia", completou.

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Segundo Antonio, se Alexandre e Anna Carolina Jatobá forem condenados, essa será a terceira grande injustiça do País. “Tivemos a da Escola Base, o monstro da mamadeira (mãe presa por suspeita de dar mamadeira com cocaína à filha) e agora eles”. Não tem nada nos autos que prove a culpa dos réus".

"Esperamos que a justiça seja feita e que os jurados tenham vindo dispostos a pelo menos ouvir a defesa, sem prejulgamento", disse.

O pai de Alexandre relatou que gostaria que os jurados fossem até o apartamento do casal no edifício London, onde a menina Isabella foi jogada, segundo o Ministério Público, no dia 29 de março de 2008, mas isso não é possível porque eles não fazem parte da defesa. Nesta manhã, Nardoni foi até o apartamento acompanhado do advogado para “olhar bem o local”.

O pai de Alexandre disse também que não é só a vida do casal que está paralisada. “Até atravessar a rua é difícil”, afirmou em relação à repercussão do caso. Ele também negou que tenha feito qualquer adulteração no apartamento e afirmou que recebeu a chave no domingo, mas só entrou no local após o enterro da neta.”Liguei para o Dr. Calixto (delegado) e ele disse que eu tinha as chaves e poderia entrar lá. Eu subi para pegar roupas dos meus netos”. 

Sobre a ausência de sua esposa, avó de Isabella, no julgamento, disse que ela não tem condições de acompanhar. "O coração dela não aguentaria. Ela adorava a Isabella mais do que qualquer um."

Anna Carolina Jatobá

O casal chegou ao local do júri por volta das 8h30. Segundo um cabo da PM, que faz a segurança no local, a madrasta de Isabela, Anna Carolina Jatobá, chora desde o momento que chegou. O polícial militar ainda informou que, ao contrário de Anna Carolina, Alexandre Jatobá parecia estar calmo. Os dois se alimentaram no presídio de Tremenbé, antes de viajar para a capital.

Julgamento

Começou às 14h17, com mais de uma hora de atraso, o julgamento do caso Isabella. Pai e madrasta são acusados da morte da menina, mas negam o crime. O acesso à sala de julgamento é restrito. Na plateia, há apenas 77 lugares, sendo que 20 deles foram disponibilizados para jornalistas. O juiz Mauricio Fossen proibiu a realização de imagens ou liberação de áudio do julgamento.

Até agora pela manhã, a presença do pedreiro Gabriel dos Santos Neto, uma das testemunhas arroladas pela defesa do casal, que não havia sido localizado para receber a intimação, era dúvida. Mas ele foi a primeira testemunha a chegar ao fórum. Existia a possibilidade de o julgamento ser adiado sem a presença do pedreiro, que foi intimado por ter dado uma entrevista em que afirmava que a obra nos fundos do edifício London havia sido arrombada. Depois, em depoimento à polícia, o pedreiro negou a informação.

A movimentação em frente ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, é grande desde o começo da manhã. Lá está sendo realizado o julgamento que tem previsão para durar até cinco dias. 

O julgamento deve durar de quatro a cinco dias. Em caso de condenação, dificilmente os réus terão o direito de recorrer em liberdade. Se forem absolvidos, o juiz Maurício Fossen terá de emitir um alvará de soltura ao término da sessão.

A primeira etapa do julgamento é o sorteio dos jurados. Sete pessoas serão escolhidas entre um grupo de 40 indivíduos pré-selecionados pela Justiça. Defesa e acusação podem recusar, cada uma, até três pessoas sorteadas. Depois deste processo, serão ouvidas as testemunhas.

Primeiro as de acusação (seis) e depois as da defesa (20) – três deles coincidem com as de acusação, daí o total de 23. A maioria é formada por policiais, peritos e médicos-legislas que aturam no caso. Por fim, os réus serão interrogados.

Concluída a fase dos depoimentos, será a vez dos debates entre a acusação e a defesa. Cada um terá o direito de falar por duas horas e meia. Se a promotoria quiser, poderá usar mais duas horas para réplica, o que automaticamente dará direito à defesa de usar o mesmo tempo para tréplica.

Terminado o debate, os jurados serão questionados pelo juiz se têm condição de julgar o caso e se querem alguma explicação. Se o júri responder que sim, todos passarão à sala secreta e decidirão o destino do casal.

O casal é acusado de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.

 

O carro que Alexandre foi levado ao Fórum de Santana

 

Informações do IG

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