A Delta Construções, empresa privada que mais recebeu recursos do Tesouro no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deu prejuízo de pelo menos R$ 3,6 milhões em apenas três contratos com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes). É o que aponta um relatório da CGU (Controladoria-geral da União).
Ontem, em parceria com o Ministério Público e a Polícia Federal, a CGU realizou a operação Mão Dupla, que teve 27 mandados de prisão expedidos, entre eles para dirigentes do Dnit no Ceará e da empreiteira.
De acordo com a CGU, os prejuízos foram calculados em contratos que somam R$ 85 milhões: construção de uma ponte na BR-304 e melhorias na BR-116 e na BR-020. As obras, que fazem parte do PAC, ainda estão em andamento e não foram completamente pagas.
Os técnicos apontaram que há indícios de superfaturamento, uso de material em quantidade abaixo do contratado, obras pagas e não executadas e uso de estrutura do Dnit para realizar os projetos pagos pelo órgão.
No caso da ponte da BR-304, sobre o rio Jaguaribe, a falta de execução de um serviço está pondo "em risco a estabilidade da construção".
A Delta é a empresa que mais recebeu recursos do Tesouro nos últimos três anos do governo Lula. Este ano, está em segundo lugar com R$ 381,4 milhões, segundo dados da CGU. Nos sete anos e meio de gestão, a empresa –que até a década passada era uma pequena construtora– já recebeu cerca de R$ 2,4 bilhões de recursos federais. A maior parte de dinheiro vem do Dnit.
Seu crescimento na gestão Lula se deu principalmente após ela ter sido a maior beneficiada por contratos emergenciais (sem licitação) na Operação Tapa-Buraco pelo Dnit em 2006. Entre 2004 e 2006, a empresa fez várias doações de campanha a candidatos do PT e do PMDB.
A empreiteira informou que prefere não se manifestar até reunir mais informações sobre a investigação.
As informações são do Folha