O grupo “As Transvestidas” lançou no Ceará um calendário com 12 imagens em que atores transformistas aparecem em obras clássicas e cenas populares. Nas páginas dos meses de janeiro a dezembro do “Translendário”, como é intitulado o trabalho, há releituras das pinturas “Mona Lisa” e “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, e da escultura Pietà, de Michelangelo.
A presença da logomarca da Prefeitura de Fortaleza na publicação gerou polêmica na Assembleia Legislativa do Ceará nesta terça-feira (8), mas o município diz que não apoiou financeiramente o calendário. Um deputado estadual considera o calendário um ''desrespeito'' aos cristãos.
“A ideia do 'Translendário' foi fazer um produto com qualidade que pudesse levar uma imagem positiva do universo trans. Uma imagem diferente da lama e da prostituição”, explica um dos idealizadores do projeto, Silvero Pereira.
De acordo com o ator, produtor e professor, o nome diferente para o calendário surgiu para fazer alusões ao objetivo do produto e “às travestis como lendas da nossa cultura”. A escolha das 12 imagens não foi fácil, segundo Silvero Pereira, e discutida em reuniões com os produtores durante os dois anos que o projeto foi idealizado.
“Queríamos uma visibilidade positiva e, com uma boa fotografia, produção e design, pensamos em obras clássicas que fossem referência para as pessoas, que já fizessem parte do imaginário coletivo”, afirma.
Com referências do mundo LGBTT, o mês de agosto do “Translendário” traz, por exemplo, a “Transvênus”, uma releitura da obra “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli. A capa clássica do disco “Abbey Road”, do The Beattles, também é lembrada no mês de julho na versão “Crossdressroad”. A famosa “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, transformou-se em “Mona”, e a cantora Carmen Miranda é retratada com as tradicionais cores e pose e o título “Disseram que voltei Trans-Operada”.
Segundo o idealizador, foram impressos 400 exemplares que, desde janeiro, são distribuídos em eventos e ONGs ligadas ao movimento LGBTT. O "Translendário" também pode ser comercializado pelo valor de R$ 10, mas a venda está suspensa, de acordo com Pereira, depois que o calendário recebeu críticas na Assembleia Legislativa do Ceará. "Queremos esclarecer qual é o objetivo do nosso trabalho", diz. As informações são do G1.