Economia

Brasil está cada vez mais feminino e envelhece mais rápido, mostra Censo

Dados do IBGE apontam que, em 2022, o Brasil teve o maior salto de envelhecimento entre censos. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos em 2010 para 35 anos em 2022. Além disso, o país tem 94 homens pra cada 100 mulheres.

Censo IBGE comunidade feminina
Imagem: Reprodução

Um país mais envelhecido e mais feminino. Esse é o Brasil revelado pelos novos dados do Censo de 2022 divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações referem-se à idade e ao sexo dos brasileiros. Mostram também como o perfil da população vem mudando ao longo das últimas décadas.

Veja os principais destaques:

A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso.

Em 2022, o Brasil também registrou o maior salto de envelhecimento entre dois censos desde 1940. Em 2010, a cada 30,7 idosos (65 anos ou mais), o país tinha 100 jovens de até 14 anos. Agora, são 55 idosos para cada 100 jovens.
Na prática, o dado acima quer dizer que a tendência do país é ter cada vez menos jovens e cada vez mais idosos. A evolução da pirâmide etária deixa isso claro (veja o gráfico abaixo).

O Censo 2022 ainda aponta que a população feminina está aumentando de forma constante no país nas últimas décadas. Hoje, as mulheres são 51,5% dos 203 milhões de brasileiros. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres e 98,5 milhões de homens (uma diferença de 6 milhões).

Em 2010, o país tinha 96,9 homens para cada 100 mulheres. Em 2022, eram 94,2 homens para cada 100 mulheres.

Censo IBGE comunidade feminina
Imagem: Reprodução

Segundo o IBGE, alguns fatores estão por trás destas tendências demográficas. Os principais são:

A taxa de fecundidade dos brasileiros diminuiu ao longo das últimas décadas. Esse índice aponta o número de nascidos a cada 1 mil mulheres em idade fértil. O IBGE não divulgou o valor atual, mas dados de censos anteriores mostram uma queda constante nas últimas décadas – era 6,16 em 1940; 2,39 em 2000; e 1,9 em 2010.

Entre o censo anterior e o mais recente, inclusive, o país passou por dois momentos de redução mais significativa de nascimentos, segundo o IBGE: em 2016, em razão da onda de infecções do zika vírus; e após 2020, com a pandemia de Covid-19. Esses dois períodos, aliados à queda de fecundidade constante, estão por trás do aumento da idade mediana dos brasileiros e do salto dos índices de envelhecimento.

Já a maior quantidade de mulheres tem explicação histórica, em razão das maiores taxas de mortalidade entre os homens, segundo o IBGE. Como as mulheres morrem menos, a tendência é que a população brasileira continue ficando, de fato, cada vez mais feminina.

Na faixa até os 24 anos de idade, os homens ainda são maioria na população. A partir desse estágio, contudo, as mulheres ficam à frente. Como dito acima, isso acontece por conta da sobremortalidade masculina, mais intensa na juventude, devido às chamadas causas externas (como as mortes violentas, segundo o IBGE).

“A mortalidade masculina é maior em todos os grupos etários. O que resulta em uma população sobrevivente de mulheres. E temos uma alta mortalidade não natural em jovens adultos. Por violência e acidentes”, disse Márcio Minamoguchi, demógrafo do IBGE.

Censo IBGE comunidade feminina
Imagem: Reprodução

Como já dito, a idade mediana dos brasileiros passou de 29 anos em 2010 para 35 anos em 2022. A proporção de jovens encolheu desde 1980, ao mesmo tempo que os idosos ganharam mais espaço (veja o infográfico acima).

Esse processo se acelerou principalmente entre 2010 e 2022. Os dados do IBGE mostram que o salto de envelhecimento da população brasileira no período foi o maior entre os duas edições do censo desde 1940.

Em 1940, havia 5,6 idosos (65 anos ou mais) para cada 100 jovens (até 14 anos).
Esse índice de envelhecimento aumentou de forma constante, mas tímida, nas décadas seguintes. Ele começou a acelerar a partir da década de 1990, quando o país tinha 13,9 idosos para cada 100 jovens.
Entre 2010 e 2022, ele passou de 30,7 para 55,2 idosos para cada 100 jovens.

Censo IBGE comunidade feminina
Imagem: Reprodução

Entre 2010 e 2022, houve aumento da idade mediana em todas as regiões do Brasil — mas, mesmo assim, há uma grande diversidade entre as idades dos brasileiros dentro do próprio país.

O Norte é a região mais jovem: 25,2% da sua população têm até 14 anos. A idade mediana da região é também a mais baixa: 29 anos. Em 2010, era de 24 anos. Já o Sudeste e o Sul são os mais envelhecidos: cerca de 12% dos moradores têm 65 anos ou mais. No Sudeste, a idade média é de 37 anos (a mais alta do país). Já no Sul, é de 36.

Além das diferenças entre as regiões, há também uma grande diversidade entre os estados:

A idade mediana de Roraima é de apenas 26 anos, a mais baixa entre todos os estados e o Distrito Federal. O seu índice de envelhecimento também é o mais baixo: 17,4.
Já a mais alta é a do Rio Grande do Sul: 38 anos. O estado também tem o maior índice de envelhecimento: 80,4.

Os estados com maior proporção de idosos são Rio Grande do Sul (14,1% da população), Rio de Janeiro (13,1%) e Minas Gerais (12,4%).
Já os estados com maior proporção de jovens (até 14 anos) são Roraima (29,2%), Amazonas (27,3%) e Amapá (27%).

Segundo o IBGE, as taxas de fecundidade do Rio Grande do Sul são baixas e já estão caindo há bastante tempo. Em 2010, o índice era de 1,7, ante uma taxa nacional de 1,9.
Além disso, o Censo de 2022 mostra que o RS tem um saldo migratório negativo (ou seja, muito mais pessoas vão embora para morar em outros lugares do que chegam).

Por isso, com menos nascimentos e mais pessoas em idade produtiva deixando o estado, o envelhecimento se acelera.

Já Roraima (a exemplo de outros estados do Norte) tem taxas de fecundidade mais elevadas: 2,6. O IBGE afirma que este indicador elevado está muito ligado à grande presença de populações indígenas no estado, já que elas costumam ter taxas de fecundidade mais elevadas que outros grupos da população.

Há ainda um saldo migratório positivo (com destaque, nos últimos anos, para a imigração de venezuelanos).

Brasil mais feminino

O Brasil tem uma população total de 203 milhões de habitantes, sendo 104,5 milhões de mulheres e 98,5 milhões de homens.

O valor representa 94,2 homens para cada 100 mulheres. Em 1980, eram 98,7 homens para cada 100 mulheres.

Censo IBGE comunidade feminina
Imagem: Reprodução

Como é possível ver no gráfico acima, a população feminina está crescendo de forma constante há décadas.

Em 1970, por exemplo, 50,3% da população era feminina.
Ao longo das décadas, o percentual foi crescendo, pouco a pouco.
Em 2022, 51,5% dos brasileiros eram mulheres.

A população é majoritariamente feminina em todas as regiões do país.

O Norte é a região com mais homens (49,9%).
Já o Sudeste é a região com mais mulheres (51,8%).

Há diferenças e peculiaridades entre os estados.

O Rio é o estado mais feminino (52,8%). São 89,4 homens para cada 100 mulheres.
Apenas quatro estados têm mais homens que mulheres: Acre, Tocantins, Roraima e Mato Grosso.
Roraima e Mato Grosso têm a maior razão (proporção) de sexo masculino: são 101,3 homens para cada 100 mulheres.

Divulgação do censo de 2022

Esta é a quarta rodada de divulgação de informações do censo de 2022. As rodadas anteriores divulgaram informações sobre as populações totais do país e recortes específicos sobre populações indígenas e quilombolas.

Fonte: G1

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