Acorda Cidade
Amigos e familiares da universitária Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, fizeram um protesto na tarde desta segunda-feira (3), em frente ao Hospital Goiânia Leste, onde ela morreu. Segundo a polícia, dias antes do óbito, ela foi estuprada por um técnico em enfermagem, que está preso e nega ter cometido o crime.
Durante o ato, seguraram cartazes com o nome da jovem, entoaram cânticos religiosos e pediram Justiça. Susy, que cursava arquitetura, morreu no último dia 26 de maio, noves dias após dar entrada na unidade de saúde com crises convulsivas.
Por e-mail, a OGTI, empresa terceirizada que gere a UTI hospital, disse que ao tomar conhecimento da denúncia "imediatamente afastou seu colaborador, técnico de enfermagem, de suas atividades, e iniciou procedimento interno de apuração" (veja íntegra abaixo).
Além disso, a OGTI disse que, após constatar "os reais indícios de crime", comunicou o fato à Polícia Civil, que solicitou sigilo para que as investigações não fossem prejudicadas. A empresa declarou que seguiu a determinação da corporação e que, após a delegada comunicar a família, conversou com o pai de Susy.
Enquanto estava internada na UTI, a jovem relatou a uma técnica em enfermagem que tinha sido estuprada, acusando o também técnico em enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos. Ele se entregou e foi preso em seguida.
A família foi avisada da investigação de estupro durante o velório da jovem.
Imagens de uma câmera de segurança obtida, segundo a corporação, comprovam o abuso. A delegada Paula Meotti, responsável pelo caso, indiciou o profissional por estupro de vulnerável, com pensa de 8 a 15 anos em caso de condenação.
Ao G1 o advogado de Ildson, Leonardo Silva Araújo, disse que, por enquanto, não vai pedir a soltura de seu cliente por "temer por sua vida". Ele afirmou ainda que não há novidades sobre a linha de defesa e que "toda forma de protesto de maneira ordeira é válida".
'Ela queria falar'
O pai de Susy, um policial aposentado que prefere não se identificar nem mostrar o rosto, disse que que a filha parecia tentar conversar e contar alguma coisa para a família, mesmo entubada e sedada.
"A gente sentia que ela queria falar. Como tinha só um dia [de internação], a gente perguntava aos médicos e eles falavam aquelas palavras de médico. Como a gente é leigo, não ia tirar ela de lá, mas a vontade era tirar tudo dela, todos aqueles tubos. É uma dor intensa", desabafou.
Depois de dias de agonia vendo a filha na UTI, o pai recebeu a notícia do hospital de que ela havia morrido. Segundo ele, as causas apontadas pela unidade de saúde foram pneumonia e infecção.
Ainda conforme o pai, essa foi a primeira vez que a filha foi internada no Hospital Goiânia Leste. Ele disse que não se sentia bem levando ela para o lugar, mas, como era o mais perto, foi a melhor opção.
Nota da empresa responsável pela UTI
"A OGTI compartilha a dor e se solidariza com o luto da família e amigos e esclarece que ao tomar conhecimento da denúncia da paciente Suzy Cavalcante imediatamente afastou seu colaborador, técnico de enfermagem, de suas atividades, e iniciou procedimento interno de apuração. Constados os reais indícios de crime comunicou o fato a Polícia Civil, que solicitou sigilo a fim de que as investigações não fossem prejudicadas. A empresa tão somente observou a determinação da Polícia Civil. Por isso, após a delegada informar a família, a empresa de forma reservada conversou pessoalmente com o pai sobre as providências que já haviam sido tomadas.”
Fonte: G1