Bahia

Vítimas de inundações no Sul da Bahia relatam cenário de destruição e calamidade; saiba como realizar doações em Feira

Com acessos bloqueados, os moradores estão recebendo donativos através de helicópteros. Segundo Rosilda, durante quatro dias, cerca de 25 famílias que estão alojadas em uma escola, precisaram consumir água da chuva.

Gabriel Gonçalves

Desde de a última quarta-feira (8), as prefeituras de Itamaraju e Porto Seguro, ambas cidades no sul da Bahia, decretaram estado de calamidade pública, após as fortes chuvas que atingiram a região.

Os estragos tiveram início na noite de terça-feira (7), quando os rios Gado Bravo e Jucuruçu transbordaram e causaram sérios transtornos.

Foto: Rosilda Rios

Natural do município de Retirolândia, mas já morando há mais de 12 anos no povoado Nova Alegria, município de Itamaraju, a professora da rede municipal Rosilda Oliveira Rios, participou do Programa Acorda Cidade na manhã desta terça-feira (14), para explicar como os moradores estão vivendo nesses últimos dias após a destruição causada pelas fortes chuvas.

Foto: Divulgação | Professora Rosilda Rios teve a casa toda destruída e ficou somente com a roupa do corpo

"É uma situação muito preocupante de calamidade pública aqui do Extremo sul da Bahia, não só aqui em Itamaraju, mas como em outros municípios aqui circunvizinhos. As pessoas estão passando por um momento muito difícil, as pessoa perderam suas casas, tem gente que nem sandália conseguiu pegar no momento da correria. Assim explicando, às vezes não tem nem como descrever, só vendo para acreditar no que as pessoas estão passando. A questão também, não é nem só os rios, até porque essa região aqui é banhada pelas barragens, e com a força das chuvas, vai quebrando, desde as barragens construídas lá em Minas Gerais, como outas aqui próximas da cidade. Então com isso, o nível da água do Rio Jucuruçu foi aumentando até que destruiu tudo aqui, inclusive a escola que eu trabalhava, não existe mais, porque não sobrou nada", lamentou.

De acordo com Rosilda, o povoado está atualmente com quatro pontos para abrigar todas as pessoas que perderam as residências ou que não têm como retornar para casa.

Foto: Rosilda Rios

"Os desabrigados estão amparados em quatro abrigos, como no Posto de Saúde, em uma Igreja Católica, tem a Escola José Gomes, a única que sobrou, e além desses locais, as casas que não foram afetadas, também estão abrigando outras pessoas, que neste caso, são familiares. Temos aqui cerca de 450 famílias desabrigadas, umas três mil pessoas sem ter para onde ir. Eu lembro que na década de 60, teve uma enchente muito forte aqui, mas realmente, essa de agora superou todas as outras, e para que as pessoas tenham ideia do tamanho do estrado, temos um colega que tem uma casa de andar na frente a escola onde eu trabalhava. A diretora achou por bem, retirar os materiais como documentos, equipamentos eletrônicos e colocar na casa dele, na parte do segundo andar, achando que poderia estar seguro. Infelizmente a água foi tão forte que a água subiu até o segundo andar, molhou todo o material e perdemos praticamente 50% do que estava guardado", afirmou.

Foto: Rosilda Rios

Com acessos bloqueados, os moradores estão recebendo donativos através de helicópteros. Segundo Rosilda, durante quatro dias, cerca de 25 famílias que estão alojadas em uma escola, precisaram consumir água da chuva.

"Por enquanto, as doações estão sendo poucas. Infelizmente algumas estradas estão com o acesso bloqueado, só depois de dois dias, que as equipes começaram a construir um desvio, mas as doações estão chegando de helicóptero, porque realmente não tinha como chegar nos primeiros dias. Estamos sem energia, sem internet, água potável e o que estamos precisando nesse momento, são doações de colhões, porque tem quatro, cinco pessoas dormindo no mesmo local. Na escola que estávamos abrigados, tinha 25 famílias e a diretora muito sensata autorizou toda a merenda da escola, água da escola para que estas pessoas pudessem usar. Porém chegou um momento que isso acabou, sem energia, não tinha como bombear a água da rua para a escola e como ainda estava chovendo bastante, a alternativa foi colocar bacias, baldes para captar a água da chuva para tomar banho, cozinhar e até mesmo beber para não morrer de sede", contou.

Quem quiser ajudar a professora, ela está recebendo doações através do PIX 88535371591 – Rosilda de Oliveira Rios Longo. Ou Banco do Brasil AG: 2159-8 C/C: 21410-8

Pároco da igreja São Cosme e São Damião na cidade de Itamaraju e ex-superintendente da Fundação Santo Antônio em Feira de Santana, Frei Vandeí Santana, informou ao Acorda Cidade que a pandemia da Covid-19, deixou muitos rastros de empobrecimento e agora após as fortes chuvas que destruíram muitas cidades da região sul da Bahia, fez com que a esperança e dignidade das pessoas, se perdessem também no meio das correntezas.

"Essa calamidade que aconteceu aqui em Itamaraju e em outras cidades circunvizinhas, é uma situação que preocupa muito, ainda mais por estarmos enfrentando o problema da pandemia da Covid-19 que embora tenha sido controlada com a vacinação, ainda não findou e deixou muitos rastros de pobreza, de fome e infelizmente por falta de políticas públicas habitacionais adequadas ao saneamento básico e os pobres são os mais atingidos por essas enchentes, por esses desmoronamentos de encostas, onde perderam seus lares, perderam seus bens materiais e as vezes, até a esperança e a dignidade. As famílias estão desabrigadas e precisam do nosso apoio", explicou.

De acordo com o Frei Vandeí, duas paróquias da cidade se uniram para abrigar e oferecer alimentação para os mais de 600 desabrigados.

"De modo específico aqui em Itamaraju onde estou residindo como pároco da Paróquia São Cosme e São Damião, são mais de três mil pessoas atingidas e 610 pessoas estão desabrigadas em nove abrigos provisórios. A nossa Paróquia junto com a Paróquia de Fátima, se uniu para dar assistência à todas estas pessoas e assumimos então cerca de 1.200 refeições, como o café da manhã, almoço e janta. Sofremos sobretudo com a questão de estarmos ilhados, porque temos acesso ao Prado, Teixeira de Freitas e Eunápolis, mas em determinado momento, ficamos impossibilitados de sair, porque uma ponte caiu, outra foi interditada e a terceira foi suspensa. Inicialmente, o comércio nos ajudou bastante com o abastecimento de alimentos. Aqui próximo da cidade, tivemos dois distritos que foram bastante atingidos, parecem coisas de cinema como Nova Alegria e Jucuruçu, estamos tendo o apoio da prefeitura municipal e do estado da Bahia", afirmou.

Foto: Rosilda Rios

Segundo o Frei Vandeí Santana, as principais doações necessárias neste momento, são produtos de higiene pessoal, alimentos, medicamentos e vestuário.

"Uma coisa que eu aprendi, é que a solidariedade do povo, a união das pessoas, é maior do que qualquer presença política constituída, porque o povo não fica esperando. Eles sentem na pele e com isso, as duas paróquias estão recebendo os donativos, materiais de higiene pessoal, alimentos, medicamentos, vestuário e estamos com o apoio das nossas lideranças que é a dona Margarida, através do PIX em nome de Margarioneide Oliveira, que é o 032.402.985-38. Quem estiver sensibilizado com toda esta situação e quiser enviar qualquer doação, será muito bem vindo, todo o dinheiro será administrado por mim, Frei Vandeí e pelo Padre Ronaldo, onde estaremos aplicando os recursos onde há a necessidade", concluiu.

Em Feira de Santana, um dos pontos de doações para que o material seja enviado para as cidades do sul da Bahia, é no 2º Grupamento de Bombeiros Militar, localizado no bairro Tomba.

Ao Acorda Cidade, o Tenente Coronel Adriano Oliveira do 2º GBM explicou que as pessoas podem se dirigir até o quartel para realizar as doações de água, cobertores, roupas, dentre outros donativos.

"O Corpo de Bombeiro Militar da Bahia continua desenvolvendo ações no Sul e no Extremo Sul da Bahia, diante dos estragos causados pelas fortes chuvas que caíram na região da semana passada, além de atuar no atendimento das ocorrências. Estamos enviando todo o apoio à população e orientando, buscando pessoas desaparecidas, identificando locais de risco, dentre outras atividades. Para isso, foram deslocados os Bombeiros Militares das diversas unidades operacionais do estado, além de equipamento utilizados para facilitar a atuação e concomitantemente, o comando-geral da corporação, deflagrou a campanha SOS Chuva, e as pessoas, instituições, podem efetuar as doações de alimentos, água potável, roupas e cobertores, dentre outros donativos, visando a ajudar as pessoas que perderam muitas coisas nessa situação. Todas as unidades do Corpo de Bombeiros do estado, estão servindo de ponto de arrecadação desses donativos", concluiu.

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