A família da dentista Larissa Azevedo Pinheiro, baleada durante confronto na Avenida Paralela, em Salvador, decidiu doar órgãos dela. A informação foi divulgada neste domingo (22), um dia após a morte. O gesto de solidariedade foi revelado pela irmã da vítima, Letícia Pinheiro Azevedo, através das redes sociais.
“Larissa é ‘SOPRO DE VIDA’, os órgãos dela vai da [sic] vida a outras vidas. ATRAVÉS DA VIDA DE LARISSA, SALVAMOS OUTRAS VIDAS”, escreveu Letícia, sem revelar quais órgãos serão doados.
A produção da TV Bahia procurou a Secretaria de Saúde da Bahia para obter mais informações sobre a captação, mas a pasta alegou que “cumprindo determinação do Conselho Federal de Medicina (…), não comenta ou fornece informações sobre pacientes da rede de assistência estadual”.
Na mesma publicação, Letícia aproveitou para agradecer as mensagens de conforto que a família tem recebido pela perda e agradeceu também às 483 pessoas que doaram sangue em nome de Larissa na Fundação Hemoba, em Salvador, além de outras cidades baianas.
O corpo da dentista será sepultado na segunda-feira (24), no Cemitério Municipal de Itamari, a pouco mais de 320 km de Salvador, onde vive a família dela. O horário não foi divulgado. Os parentes pediram que todos compareçam de roupas brancas, como forma de pedir paz.
Relembre o caso
Larissa morreu aos 28 anos, no sábado (22). Na manhã de 14 de março, ela foi atingida por disparos de arma de fogo durante um tiroteio na via mais movimentada da capital baiana, enquanto seguia para o trabalho.
Larissa estava a caminho de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, na garupa de um mototaxista, quando houve um confronto entre policiais e suspeitos.
Ela foi ferida no peito. Inconsciente, a vítima foi socorrida pela Polícia Militar até o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), onde passou por cirurgia e ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu.
Além da dentista, três pessoas ficaram feridas na ação e um assessor parlamentar, que foi atingido por estilhaços, e dois suspeitos, que foram baleados — um deles morreu. [Veja detalhes abaixo]
Larissa tentava se proteger do tiroteio quando foi baleada pelos disparos. O mototaxista que a levava para o trabalho, que não quis ter a identidade revelada, relatou que parou a moto ao ouvir o barulho dos tiros para que os dois se abaixassem e, assim, tentassem se proteger.
“Passou um rapaz correndo com a arma na mão e efetuou o disparo, depois só vi que ela estava no chão com uma perfuração. Ela estava tentando se abaixar”, contou o rapaz, que não ficou ferido.
A empresa onde a dentista trabalhava emitiu nota de pesar, lamentou a perda e manifestou solidariedade aos familiares e amigos dela.
“Larissa deixará saudades e será lembrada por sua dedicação, profissionalismo e pelo carinho com que exercia sua profissão”, escreveu a clínica Meu Dente Odontologia.
Perseguição policial
Conforme a Polícia Militar, a troca de tiros começou na região do Trobogy, quando os agentes do Batalhão Apolo identificaram um carro com uma placa clonada e restrição de furto, e iniciaram a perseguição. Quatro suspeitos estavam dentro do veículo.
A ação policial foi filmada por motoristas que passavam pelo local. Os vídeos mostram o momento em que os suspeitos desceram do carro em que estavam e tentaram fugir a pé pela avenida, que estava muito movimentada devido ao horário de pico.
Na troca de tiros, um dos suspeitos foi baleado. Ele foi socorrido para o Hospital Geral Roberto Santos e não resistiu. O homem foi identificado como Caio Felipe Reis Sande, conhecido como “Felipe Jogador”.
Outros três homens conseguiram fugir a pé, sentido bairro Canabrava. A PM fez buscas na região e, horas depois, um segundo suspeito foi encontrado pela polícia. Houve troca de tiros, ele foi baleado na mão e no pé e levado para o Hospital Geral Roberto Santos. Depois, foi transferido para o Hospital Geral do Estado, onde segue internado sob custódia.
Os outros dois seguem foragidos. Em nota, a Polícia Civil disse que a investigação está em curso na Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM) e diligências são realizadas para localizá-los.
A PM informou que existe a suspeita de que o carro usado pelos suspeitos era utilizado em ações criminosas na capital baiana. Durante a ação, foram apreendidas três pistolas de calibres .40, 45 e 9mm, além de munições.
Ainda conforme a PM, o grupo fazia parte de uma facção criminosa e, momentos antes da perseguição, teria participado do assassinato de um homem que pertenceria a outra organização criminosa do bairro de Itinga, em Lauro de Freitas.
“O veículo estava sendo utilizado em bondes e houve invasão de território de facções rivais e a gente imagina que o que aconteceu em Itinga tenha sido justamente isso. Eles tentaram invadir o local, trocaram tiros com criminosos de uma facção rival e levaram essa pessoa à óbito”, disse o tenente-coronel Edmundo Assemany, em entrevista à TV Bahia.
Fonte: g1 Bahia
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