Salvador

Retorno de jovem condenado por pedofilia divide alunos de Medicina

Advogado diz que estudante volta em 2013

 

Acorda Cidade
 
O possível retorno à Faculdade de Medicina da Ufba do estudante Diogo Nogueira Moreira Lima, condenado em 2009 por abusar de crianças com idades entre 7 e 15 anos, divide opiniões entre aqueles que podem ser seus colegas na instituição.
 
Cumprindo pena no Hospital de Custódia e Tratamento (HCT), Diogo não renovou a matrícula por três anos e foi desligado automaticamente. Livre desde setembro, conseguiu liminar na Justiça Federal para voltar à faculdade.  
 
Os alunos que não veem problema no regresso de Diogo à graduação ponderam que ele precisa de acompanhamento médico constante, principalmente porque a partir do quarto ano de curso os estudantes têm contato com crianças nas aulas práticas de pediatria. Quando foi preso, Diogo estava justamente no quarto ano.
 
“Eu sou a favor, se ele tiver um acompanhamento médico, no mínimo uma vez por semana. Isso porque ele terá acesso a medicamentos, inclusive poderá vir a dopar alguém em caso de uma recaída. Mas, ainda assim, todo mundo tem o direito de estudar”, opina Henrique Guimarães, do 1º ano do curso de Medicina.
 
“É delicado. Ele tem o direito legal e isso tem que ser respeitado. Se ele realmente tem uma psicopatologia será uma situação de risco, mas existe tratamento e têm pessoas que conseguem controlar o distúrbio”, diz Alana Nogueira Assis, estudante do 2º ano.
 
Para uma aluna do 3º ano, que também defende o retorno de Diogo, ele está sendo vítima de uma discriminação que pode até atrapalhar sua recuperação
“Excluí-lo da faculdade nesse momento é marginalizá-lo. Essa pode ser a segunda chance dele. Sem rumo, sim ele poderá voltar a cometer barbáries”, diz.
 
Depois de ser preso, Diogo confessou à polícia ter abusado de pelo menos 15 menores. “Eu me sentia atraído (por crianças). Eu não conseguia parar. Surgiu não sei de onde, nem sei como evoluiu. E então tentei achar uma válvula de escape na Medicina, tentar entender”, declarou o estudante ao CORREIO na época.
 
Contra 
Rafael Dantas, graduando do 4º  ano de Medicina, é contra o retorno de Diogo. “Nos estágios, teremos que apalpar as crianças para a realização de alguns procedimentos e até examinar o aparelho genital em caso de lesões”, declara Dantas.
 
Sua posição é defendida pela colega Wagner Carlos Brito e Costa. “Apesar de ser um estágio supervisionado por um professor, além da presença da mãe, ele poderá ficar sozinho com a criança em algum momento”, diz.
 
Procurada pelo CORREIO, a direção da Famed afirmou que não se pronuncia. Por sua vez, o professor José Tavares Neto, diretor da unidade na época da prisão de Diogo, declarou que pretende ir à Justiça para tentar impedir a matrícula do estudante. Ontem, ele não foi encontrado.
 
Para a professora da Famed Mirian Gorender, presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia, o retorno de Diogo é um “risco inaceitável”. Segundo ela, não tratamento eficaz para quem sofre de Transtorno da Orientação Sexual. “Nesses casos, a única coisa que se pode fazer é a vigilância e, em alguns casos, a castração química. Não é uma patologia com causas definidas, por isso não tem cura”, afirma.
 
Autor do livro Pedófilo – O Limite entre o Algoz e a Vítima, o terapeuta holístico Antônio Aruanda discorda: “O pedófilo pode ser curado quando o paciente não é um psicopata. Apesar de não conhecer o caso (de Diogo), me parece uma postura preconceituosa não querer a sua reinserção”.
 
Advogado diz que estudante volta em 2013
O advogado de Diogo Nogueira Moreira Lima, Luiz Augusto Coutinho, disse que Diogo retornará as aulas no ano que vem. “As aulas iniciaram e ele terá que recomeçar de onde parou, no 4º ano”, declarou. Segundo ele, o estudante tem acompanhamento médico desde que deixou o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCT), em setembro deste ano.
 
“Ele está frequentando uma das unidades do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), o que foi uma determinação da Justiça”, afirmou Coutinho, assegurando ainda que Diogo tem um médico particular. “Hoje, ele tem consciência do problema  e quer viver a vida”, pontua.
 
Procurada na tarde de ontem, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde não confirmou se Diogo está em tratamento em uma das unidades do serviço psicossocial. De acordo com a assessoria, a confirmação poderia ser feita hoje. As informações são do Correio.
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