Os boletins de ocorrências por ameaça contra mulheres em cinco capitais brasileiras aumentam em 23,7% quando o time da cidade joga — é o que mostrou a pesquisa “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, idealizada pelo Instituto Avon e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em Salvador, mulheres negras são maioria entre as que realizaram boletim de ocorrência após sofrerem ameaça (81,8%) ou agressão física (85%) em dias de jogos. Já mulheres brancas são minoria entre os registros, equivalendo a 6,5% das que relataram terem sido ameaçadas e 5,3% das que sofreram violência física.
Para entender a relação entre o esporte e enfrentamento às violências contra mulheres e meninas, o estudo analisou bases de dados de violência com informações de todos os dias de jogos do Campeonato Brasileiro da série A entre os anos de 2015 e 2018, em cinco capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.
No Brasil, entre os registros por lesão corporal dolosa, o aumento em dias de jogos dos times das regiões observadas é de 20,8%. Já nos dias em que o clube é o mandante da partida e joga na própria cidade e estádio, o levantamento identificou o aumento de 25,9% de registros policiais. O estudo “Violência Contra Mulheres e o Futebol” também revela que em sua maioria, os responsáveis pelas violências são os companheiros e ex-companheiros.
“Com a pesquisa não queremos sugerir ou responsabilizar o futebol, que é uma paixão nacional, mas mostrar que os jogos podem funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades entre homens e mulheres, abrindo procedentes para violência doméstica. Para evitar que isso aconteça é importante e necessário o debate sobre o assunto, e para isso precisamos contar com a influência dos próprios clubes e times junto a seus torcedores”, explica Beatriz Accioly, coordenadora de pesquisa e impacto do Instituto Avon.
Coalizão Empresarial Pelo Das Violências Contra Mulheres e Meninas e o futebol brasileiro
O São Paulo Futebol Clube e o Sport Club do Recife são os primeiros times de futebol a ingressarem na aliança empresarial que une esforços e recursos da iniciativa privada para gerar impacto social por meio da conscientização e mobilização para o fim da violência contra mulheres e meninas. Os clubes integrarão as agendas de treinamentos de lideranças, ações para funcionários e as categorias de base e time principal, implementação de canais e projetos de apoio às suas profissionais para ambientes de trabalho seguros e que priorizem a equidade de gênero.
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