O dia ainda nascia quando fiéis de várias partes começaram a chegar na Igreja de Nossa Sonhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio, em Salvador, para homenagear o Senhor do Bonfim, nesta quinta-feira (16).
O local é o ponto de partida da tradicional Lavagem do Bonfim, que reúne centenas de pessoas todos os anos, em uma caminhada de 6,5 km até a Basílica de Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada. E em 2025, não foi diferente. Uma multidão participou da festa, com muita fé.
A programação começou às 5h, com a alvorada de fogos. Por volta das 7h, autoridades baianas começaram a chegar no Comércio. Entre eles, o senador Jaques Wagner (PT), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União).
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Às 8h, a celebração ecumênica começou, abrindo caminho para o início à procissão. Tudo depois de uma chuva forte cair na região, podendo facilmente ser interpretada como uma benção do Senhor do Bonfim para os devotos que se preparavam para a longa caminhada.
Ao longo do caminho, o branco das roupas dos fiéis e o cheiro da alfazema tomava conta das ruas da Cidade Baixa. Em meio ao povo, estava uma caravana de Muritiba, no interior da Bahia. O grupo viaja há 5 anos para acompanhar a celebração. Nesta quinta, a viagem começou às 4h, em um microônibus com 30 pessoas.
“A gente vem aqui honrar o nosso glorioso Senhor do Bonfim, trazendo o nome da nossa cidade para Salvador. É tradição. Então vamos lá, com fé, porque, quem tem fé, vai a pé”, afirmou João Pedro, de 19 anos.
Tradição também para o artista Djalma Santos, de 49 anos. Há uma década ele marca presença na lavagem, sempre carregando uma cruz feita por ele mesmo, em homenagem ao Senhor do Bonfim.
“Aqui é meu símbolo de fé. Cada um carrega a sua cruz, então eu tô com a minha. Eu pedia muito ao Senhor do Bonfim, sem trazer nada, sem demonstrar um carinho maior. Aí foi quando eu tive essa ideia da cruz. Como artista baiano, eu me senti nessa responsabilidade de mostrar esse trabalho e a nossa fé”, afirmou.
Em meio à multidão, se destacava ainda uma quadrilha junina, direto de Cruz das Almas, no Recôncavo da Bahia. Com as vestimentas tradicionalmente usadas no São João, o grupo seguiu em caminhada, enquanto encenava os passos. Tudo isso diante do calor que fez em Salvador nesta quinta-feira. Segundo o presidente da quadrilha, Benedito Paiva, esse foi o segundo ano deles na festa.
“A roupa não é quente para a gente. O que importa é ter nossa fé, porque são quilômetros de caminhada. E, assim, a gente tem fé de ter um ano de quadrilha maravilhoso. Por isso que a gente vem pra cá também pra renovar nossas energias”, contou.
Por volta das 12h30, o padre Edson Menezes, reitor da igreja, realizou a cerimônia de encerramento da procissão, com uma mensagem de benção da janela central da basílica, apresentando a imagem de Senhor do Bonfim. Logo depois, aconteceu a tradicional lavagem das escadarias da basílica, feita pelas baianas, marcando o nome da festa.
Lavagem do Bonfim
O tema da festa do Bonfim neste ano celebrou os 280 anos da chegada da imagem original do Senhor do Bonfim à Bahia: “Amado Jesus, Senhor do Bonfim, nossa esperança, há 280 anos entre nós”.
A festa começou no dia de Reis, em 6 de janeiro, e seguiu com o novenário do Senhor do Bonfim até a Lavagem, que antecede o dia do Senhor do Bonfim, sempre celebrado no segundo domingo após o Dia de Reis.
De origem afro-brasileira, a celebração, que costuma atrair mais de um milhão de pessoas todos os anos, é considerada Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2013.
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