Bahia

Prestadores de serviço da Ford protestam por indenizações após fábrica fechar; funcionários estão acampados há cerca de 40 dias

Trabalhadores acampam no polo petroquímico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, onde ficam empresas prestadoras de serviço e fábrica que foi fechada pela Ford.

Acorda Cidade

Funcionários de empresas prestadoras de serviço da Ford protestam no polo petroquímico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, na manhã desta segunda-feira (17). Eles reivindicam o pagamento de indenizações após a montadora fechar fábricas no Brasil.

O grupo está acampado no polo há 39 dias. Os trabalhadores alegam que não foram contemplados no acordo que a multinacional fez com os empregados operacionais e administrativos, que oferece indenização mínima individual de de R$ 130 mil. O todo, a Ford demitiu quatro mil funcionários diretos.

Um trabalhador de prenome Alex, contou que prestou serviço à montadora por nove anos. Para ele, a Ford precisa reconhecer que os funcionários também têm direito às indenizações.

“É uma situação bastante constrangedora para nós trabalhadores, nós somos mães e pais de famílias. Fomos pegos de surpresa pela própria Ford, pegos de surpresa com o desrespeito às outras empresas. Para a Ford, somos terceiros. Mas nós não somos terceiros, somos parceiros. Nós temos o Q1, que é o certificado de qualidade, e praticamente nós fabricamos 88% das peças e a Ford tem que entender que ela não fabrica carro sem o farol, não fabrica carro sem a porta, não fabrica carro sem suspensão".

"A Ford tem que entender que nós também temos direito a essa indenização. Foi um grande desrespeito. Estamos acampados aqui e nós não vamos arredar [sair], até que a Ford e as outras empresas satélites se responsabilizem com a gente”.

Alex detalhou ainda que, durante os acordos com a Justiça do Trabalho, que concedeu a reintegração dos trabalhadores demitidos, a retomada dos prestadores de serviço foi negada.

“Foi negada a nossa reintegração e mesmo assim a gente não saiu daqui. A gente permaneceu, porque a gente acredita que a Justiça vai se pôr a nós. A questão é que a Ford ainda insisti em deixar a gente fora desse processo. A gente pede apoio ao Ministério Público, ao Ministério do Trabalho, que nos ajude nessa causa, porque somos parceiros e precisamos deles também”.

Funcionário da montadora há 17 anos, Sidney também se queixou sobre ter ficado de fora das negociações indenizatórias.

“São 17 anos prestados, suando aqui dentro e derramando o suor para levar o sustento para minha família, e hoje me encontro desempregado, como todos esses que estão aqui. São 1.500 funcionários. No acordo que foi feito com a Ford, para que não demitissem todos os seus funcionários, até que fosse feita a negociação, nós ficamos de fora. No dia 19 de janeiro, todos foram mandados embora".

"O que nós queremos agora é que a Ford reconheça e faça a mesma coisa que fez com as sistemistas, as empresas de dentro do complexo que ela indenizou, e que venha indenizar a nós também, porque também somos sistemistas”.

Fechamento de fábricas e negociações

A Ford anunciou que encerraria a produção de veículos em suas fábricas no Brasil, em 11 de janeiro deste ano.

A decisão motivou protestos em dias distintos por parte dos funcionários da Ford, localizada em Camaçari. Foram feitas manifestações na frente da fábrica da montadora e no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.

No dia 5 de fevereiro, a Justiça do Trabalho concedeu uma liminar que suspendia a demissão coletiva de funcionários da fábrica de Camaçari. A decisão proibia demissões até que o acordo entre a empresa e os funcionários fosse encerrado.

No dia 23 de fevereiro, cerca de 700 funcionários da Ford retornaram aos postos de trabalho, em Camaçari. A retomada foi, inicialmente, por 90 dias e aconteceu depois de negociações entre o sindicato da categoria e a empresa.

Na época, ficou decidido também que outros 327 trabalhadores retornariam em março, 189 em abril e 31 funcionários seriam convocados em maio.

Em março, outra decisão judicial emitida suspendeu o desligamento de empregados da Ford que atuam em funções de liderança e supervisão, na fábrica de Camaçari. A informação foi divulgada pelo Ministério Público do Trabalho (MTB-BA), no dia 29, data em que as demissões iriam ser realizadas.

A decisão também afetava as empresas que forneciam insumos para a montadora e estão instaladas no complexo industrial no município baiano.

 

Fonte: G1 Bahia

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