O piloto da lancha que bateu contra outra embarcação na ilha de Boipeba, que pertence ao município de Cairu, no baixo sul da Bahia, teve prisão preventiva decretada na terça-feira (2), após audiência de custódia. A informação foi dada nesta quarta (3) por José Raimundo Nery Pinto, coordenador regional da 5ª Coordenadoria Regional de Polícia Civil (Coorpin), em Valença, responsável pelas investigações.
O acidente ocorreu na tarde de sexta-feira (29) e deixou dois turistas mortos e outras duas pessoas feridas – entre elas, o piloto da embarcação atingida.
O investigado, foi preso em flagrante horas depois e será transferido para o presídio de Valença ainda nesta quarta, segundo a Polícia Civil. Conforme o delegado, ele vai responder pelos seguintes crimes:
-Art. 261 – expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea; com pena de 4 a 12 anos pelo agravante de ter resultado em submersão da lancha.
-Art. 258 – se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro.
“Vai terminar sendo uma pena até maior do que homicídio, porque no caso de homicídio, a gente ia ter que apurar se era culposo, que a pena não é tão grave, ou doloso, com a pena de dolo eventual”, detalhou José Raimundo.
Conforme testemunhas, o piloto chegou a prestar socorro às vítimas, porém, fugiu pouco depois e foi encontrado com sinais de embriaguez. Passageiros também afirmaram ter visto o homem ingerindo bebida alcoólica durante o passeio.
Apesar disso, o teste do bafômetro ao qual ele foi submetido não detectou presença de álcool. Para o delegado, isso provavelmente se deve ao intervalo de tempo entre o acidente, ocorrido por volta das 15h, e o exame, realizado em torno de 23h do mesmo dia, pela Marinha.
O resultado do procedimento deverá sair no início da próxima semana, mesmo prazo em que serão apresentados aos autos do inquérito. Se comprovado que o homem fazia uso de álcool durante o trabalho, ele será tratado como reincidente. Isso porque, meses atrás, o homem se envolveu em outro acidente após pilotar lancha ingerindo bebida alcoólica. Na ocasião, uma pessoa se feriu.
Acidente no Rio do Inferno
A polícia destacou que o suspeito tem licença para pilotar e a carteira, que foi aprendida pela Marinha, está dentro do prazo de validade.
A Capitania dos Portos também investiga o caso e divulgou que as duas embarcações bateram de frente em um local conhecido como “Rio do Inferno”, nas imediações do Encantado, no trecho conhecido como Cruzinha, na ilha.
O delegado descreveu o “Rio do Inferno” como um canal estreito onde, quando o nível do rio baixa, é necessário navegar com velocidade reduzida, para evitar acidentes. “Pelo que foi apurado pela Polícia Civil e também pela Marinha, ele seguia com velocidade excessiva”, disse ele.
A embarcação atingida saiu de Valença e transportava passageiros até Boipeba, em uma viagem que dura, em média, uma hora e meia. A outra fazia um passeio pela região, o chamado “Volta à Ilha”, que contorna o território e faz paradas em pontos estratégicos.
Sobre as vítimas
Ainda conforme Nery, após colidir, a lancha afundou e os dois turistas morreram no local, antes mesmo de receberem atendimento médico. São eles:
-O alagoano Mário André Machado Cabral, de 34 anos, advogado e doutor em Direito Econômico
-A goiana Larissa Fanny Galantini Pires, de 35 anos, ativista e educadora ambiental
O condutor da outra lancha não teve nome divulgado. Ele ficou ferido e foi levado para uma unidade de saúde, mas recebeu alta médica no sábado (30), de acordo com a empresa responsável pelo transporte.
Uma mulher, que não teve nome divulgado, chegou a ficar desaparecida e foi localizada horas depois. Ela foi socorrida para o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano, e quando o quadro de saúde estabilizou, no fim de semana, ela foi transferida para uma unidade particular, que não foi informada.
Fonte: G1
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