Morreu, na noite de sexta-feira (27), a sambista baiana Claudete Macedo. Dona de uma voz única, que começou a ecoar nas ruas da capital baiana através de autofalantes instalados em postes, ela tinha 89 anos. A causa da morte não foi divulgada.
Macedo ficou conhecida como um dos talentos da “década de ouro” do rádio baiano. Um dos seus maiores sucessos, “Flor de Laranjeiras” – parceria da artista com o compositor Zé Pretinho -, é um registro dessa época. Parte da sua carreira foi vivida no Rio de Janeiro.
Moradora tradicional do Centro Histórico, ela nutria um carinho especial pelo local. Numa entrevista que antecedeu um show seu no Largo Quincas Berro d’Água, em 2011, a cantora falou sobre sua relação com o espaço. “O Pelourinho é minha vida, um pedaço de mim. É bom demais tocar aqui, estar aqui, acompanhei muito do desenrolar musical desse lugar”, disse naquela oportunidade.
Nas redes sociais, personalidades da cultura da Bahia demonstraram seu pesar pela partida da sambista soteropolitana. Uma delas foi o secretário estadual Bruno Monteiro, que “Claudete tem uma história de vida e uma trajetória artística que retratam a vida de muitas baianas que lutam bravamente. É uma artista da resistência, uma mulher que mesmo nas adversidades, amou o Pelourinho como poucas pessoas. Claudete, Presente!”, exclamou, classificando a voz da artista como “imortal”.
Arany Santana, ativista do movimento negro, ex-titular da Secult-BA e educadora, repostou em seu perfil no Instagram uma publicação da apresentadora e jornalista Wanda Chase, que lamentou o ocorrido. “Morre a sambista Claudete Macedo. Meus sentimentos à família. A Bahia perde mais uma voz”, escreveu Chase na legenda que acompanha uma foto com a chamada do projeto “A Bahia Já Me Deu”, veiculado no YouTube e que tem a artista como uma das personagens.
O dramaturgo e presidente da Fundação Gragório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, também se pronunciou sobre a morte de Macedo. Através de nota, o gestor a reverenciou e lembrou a importância do seu trabalho, além da sua “representatividade como como mulher, como artista, como incansável”.
“Dona Claudete sempre foi pioneira. Cantava por vocação desde criança, em casa, nos batizados, casamentos, festas, rádio, bares, blocos…Ela era a própria música, companheiras inseparáveis, pioneiras na afinação e na ousadia, afinal não era qualquer uma que peitava ser cantora em plena década de 1950”, disse Guerreiro.
“Claudete não só desafiou a sociedade machista da época, como foi ocupando espaços e se transformando num ícone do samba da Bahia. Primeira mulher a cantar no bloco Vai Levando , compositora do Filhos de Gandhi, parceira inseparável do mestre Batatinha, rainha da lendária Cantina da Lua. Viva o Samba! Viva dona Claudete, que sempre será lembrada como o ‘retrato fiel da Bahia'”, finalizou.
O sepultamento da artista acontecerá na tarde deste sábado (28), no Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas, em Salvador.
Fonte: Bahia Notícias