Gabriel Gonçalves
A prefeitura de Mutuípe também decretou situação de emergência e está em busca de recursos, juntos aos governos estadual e federal, para ajudar às famílias.
De acordo com o prefeito Rodrigo Maicon Andrade, mais de 450 famílias foram afetadas pelas fortes chuvas no município que fica localizado no Vale do Jiquiriçá.
Em entrevista ao Programa Acorda Cidade na manhã desta quarta-feira (29), o advogado Antônio Carlos Andrade Leal, conhecido como Dr. Kakay Leal, que tem propriedade rural em Mutuípe, relatou a situação como está o município.
Foto: Arquivo Pessoal
"Aqui no Vale do Jiquiriçá, infelizmente está uma situação muito precária, as chuvas acabaram com toda a região aqui, muita destruição, temos uma rua aqui em Mutuípe que se chama Beira-Rio, como se fosse a Sales Barbosa de Feira de Santana, teve uma destruição em 100%, porque teve comerciante que perdeu praticamente tudo de seus produtos. Ontem choveu aqui na cidade durante uma hora e tivemos 40mm de chuva. Hoje o dia já amanheceu com sol, mas infelizmente a situação ainda é desesperadora. Como a cidade é baixa, o rio fica praticamente perto das ruas, então a água que vem lá de cima, sai levando tudo que tem pela frente. Algumas cidades aqui da região estão incomunicáveis, não tem como entrar, sair, o pessoal de Ubaíra mesmo, está vindo comprar as coisas aqui em Mutuípe, porque a situação lá está bem complicada", relatou.
Ainda de acordo com Antônio Carlos, a última enchente que presenciou foi no ano de 1964. Para ele, toda esta situação, é referente a destruição causada pelo homem na natureza.
Foto: Arquivo Pessoal
"Lembro que a última cheia que tivemos foi no ano de 1964, inclusive meu pai era o prefeito de Vale do Jiquiriçá. Na época não foi assim como estamos tendo agora, porque realmente, está três vezes maior do que as outras vezes, mas naquela época não tinha desmatamento e hoje o homem destruiu muita coisa, então a natureza está dando a resposta. Eu mesmo estou indo em Feira de Santana, porque junto com meus filhos, alguns amigos, nós nos reunimos para arrecadar donativos, porque conhecemos muita gente aqui que está passando por dificuldades e sentimos na pele, ontem eu chorei quando estava vendo de perto toda a destruição. Então já conseguimos roupas, cestas básicas, estou indo de caminhonete, mas vamos ter que alugar um caminhão em Feira, para trazer todo esse material, porque graças a Deus, a resposta foi imediata e agradecemos a todo mundo que sensibilizou em ajudar, mas a gente sabe que ainda é insuficiente, porque a situação em toda a região é de tristeza", afirmou.
Para se deslocar na zona rural, o agricultor explicou que apenas uma única estrada está disponível para passar, pois os outros caminhos foram destruídos com as chuvas.
"Eu estou agora aqui na fazenda já me preparando para ir à Feira de Santana, mas só tenho uma saída aqui para sair, antes eram quatro caminhos, mas agora só resta uma única opção e que está perigosa, carro pequeno não consegue passar, só mesmo carro alto, caminhonete para ter força. Inclusive lá na região de Laje, tem uma ponte que já é centenária, ela foi interditada por conta de algumas fissuras que apresentaram na estrutura e tem o risco de cair", concluiu.
Fotos: Arquivo Pessoal