“A apuração está em curso, com designação de uma delegada especial. Sugeri o acompanhamento por um representante da religião de matriz africana da PM”, afirmou o governador Jaques Wagner, nesta quarta-feira (10), na Governadoria, após uma reunião com a líder comunitária e ialorixá Bernadete Souza Ferreira dos Santos, lideranças do Movimento Negro, sem-terras e parlamentares, para avaliar a denúncia de Bernadete.
Na reunião, que durou em torno de duas horas, foram apresentadas as medidas adotadas pela Polícia Militar. Os soldados envolvidos foram afastados e a investigação terá acompanhamento direto do comandante-geral da PM, coronel Nilton Mascarenhas. “O parecer provisório do corregedor vai chegar às minhas mãos e o poder decisório é meu. Já foi realizada perícia, tenho um cenário do fato e deveremos tomar a decisão e publicar no nosso boletim geral”, declarou o coronel.
Bernadete saiu confiante no resultado do encontro. “Fiquei satisfeita com a reunião. O governador demonstrou responsabilidade com a causa. Ele vai apurar o caso nomeando pessoas responsáveis”, declarou. O líder comunitário e marido de Bernadete, Moacir Pinho de Jesus, disse que “o posicionamento de Jaques Wagner foi firme sobre o compromisso da sua gestão com a causa da liberdade, da justiça, contra a intolerância religiosa e contra tortura”.
Segundo Wagner, o objetivo da reunião foi deixar claro que o governo não tolera qualquer processo de discriminação, salientando que numa democracia deve-se fazer a apuração, antes de pré-julgar e condenar. O governador lembrou que foi sugerida a criação de um conselho de segurança que será analisado com a equipe de governo. “A apuração deve ser transparente. Ao fim, quem vai dizer de que lado está a razão é o Poder Judiciário. Se houver culpa formada, vamos punir administrativamente”. Participaram tambem da reunião, os secretários César Nunes (SSP) e Luiza Bairros (Sepromi), e o delegado-chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo.
Histórico
A ialorixá (Mãe de Santo) afirma ter sido agredida por agentes da Polícia Militar, no assentamento Dom Helder Câmara, em Ilhéus, no último dia 23 de outubro. Um processo administrativo na PM investiga a denúncia de Bernadete, contra sete PMs. ( As informações são da Agecom)