Bahia

Indústria de plástico cria Bolsa de Resinas como alternativa à escassez de matéria-prima

Criação do programa e mudanças na produção são alternativas criadas para lidar com escassez de insumos no mercado

A indústria de plástico vem enfrentando sérios problemas com a falta sazonal de matéria prima. O fornecimento irregular de insumos tem efeitos na produção do setor e o consequente desabastecimento do mercado, com impacto em outras cadeias produtivas, que dependem de embalagens plásticas para distribuir seus produtos.

Para driblar o problema, o Sindicato da Indústria de Plástico do Estado da Bahia (Sindiplasba) lançou uma iniciativa que vem ganhando adesão das indústrias do setor e pode ser uma saída de curto prazo para enfrentar a falta de insumos no mercado. Trata-se do Programa Banco de Resinas, por meio do qual empresas associadas ao sindicato podem permutar estoques de baixa rotação com outros associados.

Todo o processo é intermediado por uma ferramenta disponibilizada pelo sindicato, que permite que as empresas que tenham excedente possam entrar em contato com outras da Bahia e do país que estejam precisando daquele determinado produto.

SOLUÇÕES

O gerente geral da Ciaplast, Alexandre Marino, foi quem levou ao Sindiplasba a sugestão de se criar uma bolsa de permuta. Além disso, ele conta que a indústria já está fazendo adaptações para manter a produção. “Estamos propondo mudanças nas embalagens para aumentar o estoque e poder manter o atendimento ao nosso cliente”, explica. Para ele, a Bolsa de Permuta se soma a outras iniciativas que as empresas estão fazendo para dar conta da escassez de matéria-prima, que acredita, persistirá até o final do semestre.

Lançada no início deste ano, a iniciativa já gerou resultados, com três operações em andamento entre as empresas. “Com o Programa Banco de Resinas nós resolvemos o problema da falta de matéria-prima e garantimos a produção, evitando paralisações”, explica o presidente do Sindiplasba, Luiz Oliveira.

A Bahia tem 220 indústrias de plástico em operação, espalhadas por todo o estado. Destas, 33, que respondem por 95% do Produto Interno Bruto do Plástico no estado, são associadas ao Sindiplasba e podem se beneficiar da iniciativa.

IMPACTO

O presidente do Sindiplasba explica que o desabastecimento do mercado de resinas é um problema antigo. “Há falta generalizada de vários tipos de resinas plástica mundialmente e aqui no Brasil a situação é ainda mais delicada porque o setor depende de um único fornecedor. Paradas para manutenção ou paralisação de plantas, por razões as mais diversas, impactam diretamente a produção”, revela.

As empresas poderiam recorrer à importação de resinas, mas diante das altas taxas de importação (14%) e antidumping (10%) ela se torna excessivamente onerosa. A consequência é a falta de resina e a necessidade de usar a criatividade para suprir a carência momentânea de matéria-prima.

Para fazer face à forte concentração da produção e também ao excesso de proteção de mercado, a Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast) entidade representativa do setor, tem feito gestões junto ao Ministério da Economia pedindo a revisão das alíquotas de importação e antidumping. Apenas para ilustrar, enquanto o Brasil cobra 14% de taxa importação de resinas, entre os países membros da OCDE a média é de 6,5%.

O presidente do Sindiplaba, que também integra a diretoria da Abiplast, explica que a situação enfrentada pelo setor requer uma atenção especial diante do impacto causado em outras cadeias produtivas, a exemplo da indústria de alimentos, que dependem de embalagens produzidas a partir das resinas plásticas. “Vários associados que produzem embalagem para alimentos estão enfrentando problemas”, revela Luiz Oliveira. 

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