Bahia

Há mais de 4 anos, moradores de Antônio Cardoso convivem com casas rachadas após duplicação da BR-116 Sul

Com medo do pior possa acontecer, o lavrador Antônio explicou que durante o dia as crianças ficam em casa, mas a noite, são levadas para dormirem na casa de familiares.

Gabriel Gonçalves

Quem trafega diariamente pela BR-116 Sul no trecho entre Feira de Santana e o município de Santo Estevão, tem a oportunidade de viajar com uma pista duplicada e totalmente sinalizada.

Embora estes sejam um dos benefícios propiciados aos condutores, quem mora na região, principalmente próximo a pista onde foram realizadas as obras, sofre diariamente com o medo de ver a própria casa desabar.

Esta é a situação do lavrador Antônio Gomes de Almeida, de 53 anos, que mora com a família. Em entrevista ao Acorda Cidade, seu Antônio informou que após as obras de duplicação serem iniciadas na região, as casas começaram a apresentar rachaduras em toda a estrutura. Segundo ele, a concessionária responsável pela duplicação da pista, Via Bahia, já tem conhecimento do problema, mas nunca foi resolvido.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"A minha casa apresentou muitos problemas, muitas rachaduras por dentro e está para desabar. Depois que houve as explosões nas rochas, fizeram várias promessas dizendo que iria vir aqui, vem hoje, vem amanhã, a gente liga, atendem, quando é no outro dia, não atendem mais e convivemos com isso aí. Até o piso está rachado, capaz de alguma criança bater o pé aí, se cortar e não sei mais o que faço", disse.

Com medo do pior possa acontecer, o lavrador Antônio explicou que durante o dia as crianças ficam em casa, mas a noite, são levadas para dormirem na casa de familiares.

Fotos: Ed SAntos/Acorda Cidade

"Durante o dia, a gente até fica aqui, mas tem noite que não dá para dormir com medo da casa cair por cima, então as crianças dormem fora, na casa dos parentes, porém infelizmente eles não querem nem mais aceitar por conta dessa pandemia aí, então o negócio está ficando ruim a cada dia que passa", afirmou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Moradora da Fazenda Quarana, Elisandra Cardoso vive com uma situação parecida com a do lavrador Antônio Gomes. Ao Acorda Cidade, ela informou que a Via Bahia realizou uma primeira indenização do imóvel, mas ao fazer novas explosões, o problema voltou a ser enfrentado todos os dias.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Eles nos ressarciram, mandaram a gente construir uma outra casa, porém após ser feita essa nova casa, as explosões danificaram a estrutura mais uma vez e isso está nos impossibilitando de criar nossos filhos, até para dormir, não estamos dormindo dentro de casa. Meu esposo teve que escorar as paredes com medo dela vir abaixo e até hoje a Via Bahia não nos dá um retorno e ficamos assim nessa situação difícil. Além das explosões, o peso das carretas que passam na pista também abala aqui na estrutura da casa", lamentou.

De acordo com Carlos Santos do Anjos, esposo de Elisandra, a Via Bahia teria informado que todo material seria recolhido com trator, mas ao chegar em determinado ponto, a empresa iniciou o processo de detonação das rochas.

"Quando começaram a duplicar a aqui a pista, eles falaram com a gente que iriam tirar todo o entulho no trator, mas quando chegaram em um certo local começaram a perfurar e detonar as rochas com dinamite e isso aconteceu já no final de 2016 para 2017. Então eles nos tiraram da nossa casa, nos levaram para outro local, fizeram as explosões e depois de uma hora, trouxeram a gente de volta e nesse retorno. O próprio técnico da Via Bahia constatou que a casa ficou toda deteriorada e que o prazo seria finalizar a pista e arrumar a nossa casa", disse.
 

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Além da estrutura da casa, Carlos explicou que equipamentos e móveis também foram prejudicados e após tanto tempo, hoje já não consegue mais um contato com a Via Bahia.

"Danificou a cama, um fogão, um armário, o tanque de mil litros de água. Eles nos ressarciram e pagaram a cama e o armário, mas o fogão não nos deram o dinheiro, o que estou aqui, é doado. Nesse momento aqui, tem três paredes que estão escoradas, porque não é fácil com tanto suor dos pobres e isso acontecer. Quero que as autoridades possam verificar isso e tomem providências, pois eu já estou há quatro anos nesse sofrimento e quando a gente consegue falar com eles, nos respondem que é hoje, é amanhã e não finaliza meu problema", explicou.
 

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

Segundo Carlos, a segunda casa construída já tinha cerca de sete meses, quando as novas explosões voltaram a acontecer e a mesma cena voltou a se repetir com as rachaduras sendo apresentadas nas paredes da casa.

"Tinha pouco tempo de construída e aí com as rachaduras que foram aparecendo, eu não pude fazer mais nada. Eles vieram aqui, fizeram a vistoria e falaram, pode parar aí o que você está construindo, vamos passar todo o relatório para a Via Bahia, mas até hoje nunca me deram uma solução e convivemos neste sofrimento. Minha esposa mesmo sai para dormir fora junto com as crianças, porque a cada dia que passa, as rachaduras aumentam, então o medo aumenta também. Eu ainda espero a justiça aqui na terra dos homens, porque a justiça dos homens tarda, mas não falha", lamentou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O Acorda Cidade entrou em contato com Via Bahia, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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