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Na quarta (23) durante entrevista coletiva, o secretário municipal de Transportes e Infraestrutura José Mattos anunciou que a prefeitura pediu o apoio da Polícia Militar (PM) para garantir que os motoristas que desejarem possam sair das garagens com os ônibus. “O apoio garante a integridade física dos motoristas que queiram trabalhar, mas não há possibilidade de forçá-los”, afirmou Mattos. Segundo a assessoria de comunicação da PM, o trabalhadores que queiram ir às ruas serão escoltados por policiais.
O julgamento do dissídio dos rodoviários acontecerá nesta sexta, às 14 horas. A data inicial era a próxima segunda-feira. A transferência foi anunciada no final da tarde desta terça em nota publicada no site do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (Bahia). O texto informa que o prazo processual é de 10 dias mas foi antecipado por uma questão de urgência diante dos problemas trazidos pela greve.
O texto informa também que a desembargadora Graça Laranjeira recebeu o secretário municipal de Transporte e Infraestrutura, José Mattos e o presidente da Comissão de Transportes e Trânsito da Câmara de Salvador, vereador Jorge Jambeiro.
Nesta quarta, nenhum dos 2.798 coletivos do transporte público de Salvador saiu das garagens, apesar da determinação judicial para que 40% da frota continuasse a circular aumentando para 60% nos horários de pico. A maior parte dos 1,3 milhão de usuários que depende, diariamente, do sistema teve que recorrer ao transporte clandestino ou ficou refém de taxas abusivas cobradas por taxistas e mototaxistas. Outros trabalhadores contaram com o transporte disponibilizado pelos empregadores, ou disputaram os micro-ônibus do sistema especial de transporte complementar da Prefeitura de Salvador. “Faço um apelo aos rodoviários para que não penalizem a população”, disse o secretário.
A Transalvador afirmou em nota que a frota do sistema complementar, formada por 278 micro-ônibus, circulará durante a greve. Também informou que suas equipes foram às garagens dos ônibus urbanos para fazer cumprir a determinação judicial, mas os motoristas não estavam em seus locais de trabalho.
“Perguntamos ao TRT quanto às multas, por descumprimento legal. Nos informaram que, em negociações anteriores, quando chegavam a um acordo final as multas eram eliminadas. Já estão acostumados a não pagarem”, afirmou o vereador Jorge Jambeiro.
Demissão – Os empresários ameaçam demitir por justa causa os rodoviários grevistas que não comparecerem ao trabalho. A informação é do assessor de relações sindicais do sindicato patronal (Setps), Jorge Castro. “Estão sujeitos à demissão por justa causa”, ameaçou. Castro disse que as empresas vão descontar os dias de paralisação do salário.
Já o presidente do Sindicatos dos Rodoviários, Manoel Machado afirmou que a direção sindical não tem como obrigar os rodoviários a dirigir os carros. Ele negou as acusações de Castro de ter havido piquetes em “várias empresas” para impedir a saída dos veículos.
A reportagem percorreu dez garagens (das empresas Vitral, Joevanza, BTU, União, Boa Viagem, São Cristóvão, Ilha Tropical e Capital, Barramar e Axé). A equipe encontrou grupos de grevistas em frente aos portões, mas não constatou a existência de barreiras. O vice-presidente do sindicato, Euvaldo Alves, assegurou que diretores sindicais foram em “90%” das garagens para tentar fazer cumprir a decisão judicial. “Não havia gente disponível para trabalhar”.
A categoria pediu inicialmente reajuste imediato de 13,8%, incluindo 5,8% da inflação calculada pelo Dieese mais 8% de ganho real, além da volta do pagamento do quinquênio e aumento da quantidade de tíquetes de alimentação de 26 para 30 por mês. Já o patronato ofereceu 4,88% (calculado pelo INPC), incidindo sobre o tíquete alimentação. O TRT e o Ministério Público do Trabalho propuseram 8,53% incluindo o quinquênio e tíquete alimentação. O índice não foi aceito pelo Setps.Informações do A Tarde.