Bahia

Grávida que perdeu bebê após ser baleada em ação da PM sai do coma e família diz que ela está se recuperando: 'Milagre de Deus'

Mãe da jovem destacou que conseguiu conversar com a filha, mas que ela está muito abalada com o que ocorreu. Além disso, jovem ainda não foi informada que perdeu o bebê.

Acorda Cidade

A jovem Jussileni Santana Juriti, de 26 anos, que perdeu o bebê após ser baleada em uma operação da Polícia Militar no bairro de São Tomé de Paripe, em Salvador, saiu do coma durante o fim de semana e, segundo a família, está se recuperando. Na última sexta (21), Jussileni passou por nova cirurgia e estava em coma.

A mãe da jovem, Eliane Santana, celebrou a melhora da filha. “Está se recuperando, está sendo um milagre de Deus. Todo mundo está surpreendido com a recuperação dela".

Eliane destacou que conseguiu conversar com a filha, mas que ela está muito abalada com o que ocorreu. E que, além disso, ainda não foi informada que perdeu o bebê.

"Ela ontem falou comigo que não merecia isso. Está chorando muito, não sabe ainda da perda do filho, mas está se recuperando bem. Ela é jovem, e Deus está no controle. Ela vai sair dessa”, falou a mãe de Jussileni, que relembrou os dias de tensão e medo, após a filha ser baleada.

“Foi muito duro. Três tiros… Foi muito doloroso enterrar meu neto, o pequeno Alan. Mas para aliviar todo esse sofrimento, a gente poder ouvir a voz dela, poder ver ela mostrar que Deus é Deus”, falou.

Para Eliane, como a melhora no estado de saúde da filha, a sensação agora é de alívio.

“Alívio muito grande. Só agradecimento a Deus, a todos que vêm orando por ela. Agradecer às equipes médicas, às equipe de vocês, repórteres, que todos vêm dando assistência. E um muito obrigado geral para todo o brasil”, disse a mãe da jovem.

O marido de Jussileni, Ângelo Esquivel, contou que apresentou à polícia uma cápsula e um projétil que teriam sido dos tiros que atingiram a esposa. Na última sexta-feira (21), ele junto com a família registraram queixa na Corregedoria da Polícia Militar.

“Fomos na corregedoria, prestamos queixa, apresentamos algumas provas também, mas de antemão, queria agradecer a todos que estiveram conosco em oração, que foram doar sangue a Jucilene. Recolhemos essa prova e apresentamos na corregedoria. A cápsula e o projétil", contou.

Em nota, a Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento e que está colhendo depoimentos.

Filho de 2 anos presenciou ação

Dois dias após o caso, ocorrido em 17 de maio, Ângelo contou que o filho de dois anos deles presenciou a mãe ser baleada e se disse preocupado com a possibilidade dele ter sofrido algum tipo de trauma.

"Eu não desejo para ninguém o que eu estou sentindo, o que eu estou passando. Eu só quero punição para esses policiais. Nós sabemos que não vai trazer a vida do meu filho [bebê que estava na barriga] de volta, mas eles devem pagar pelo que eles fizeram. Policiais despreparados. Eles viram que na rua tinha mãe de família, tinham crianças".

"Quando minha esposa foi baleada, meu filho de 2 anos estava com ela. Se melou todo de sangue. Esse menino já vai crescer com isso na mente”.

Ângelo pediu justiça pela situação e contou que a esposa perdeu um dos rins e também teve o intestino grosso afetado.

“Dos quatro disparos que os policiais atiraram, três atingiram ela. Um no braço, um na barriga e um na costela. Esse da barriga foi fatal para o bebê. Os médicos ainda tentaram reanimar, mas não conseguiram. O outro disparo efetuado nela, ela perdeu um de seus rins, afetou uma parte do intestino grosso dela".

"Eu sou um pai de família pedindo justiça. Assim como foi com a minha esposa, com meu filho, eu não desejo isso para ninguém. Mas, se não chamar atenção das autoridades, das medidas cabíveis para serem tomadas, eles [policiais] vão continuar nas ruas, fazendo maiores besteiras ainda".

PM alega troca de tiros
Em 18 de maio, dia seguinte à ação que baleou a jovem, a PM informou por meio de nota que uma equipe da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) esteve na Rua Adilson Ferreira, quando se deparou com suspeitos armados, que teriam disparado contra os policiais.

A PM narrou ainda que houve um revide e que, durante a fuga, os suspeitos invadiram residências. Durante essa troca de tiros, a gestante teria sido baleada. A PM informou também que ela foi çlevada pelos próprios policiais para o hospital.

A Polícia Militar detalhou também que uma pistola foi encontrada no fundo de um dos imóveis, e que o caso é apurado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde a ocorrência foi registrada e a arma apresentada.

O caso ocorreu em 17 de maio. No dia seguinte, moradores do bairro de São Tomé de Paripe realizaram um na BA-528, conhecida como Estrada do Derba, contra a ação que deixou a jovem ferida.

 

Fonte: G1

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