Com o fim da greve de policiais militares na Bahia anteontem o governo federal acredita que a possibilidade de um efeito dominó em outros Estados seja, agora, muito mais baixa.
A greve terminou às 20h30 de sábado. Em assembleia, a categoria decidiu retornar ao trabalho após constatar que a paralisação havia acabado no interior do Estado e que o apoio popular ao movimento começava a diminuir.
Mas, apesar de a paralisação ter sido encerrada, a periferia de Salvador ainda não sentiu os efeitos.
Nas comunidades mais pobres da cidade, onde ocorreu a maioria das mortes nos dias de paralisação, o policiamento continuava ausente ontem.
Reforço no policiamento era visto somente nas áreas onde o Exército já estava: na orla e em pontos turísticos, lotados em dia de sol.
O policiamento a pé da Polícia Militar ainda não havia sido retomado. Ocorria apenas em locais como o Pelourinho e o elevador Lacerda.
A PM confirmou que o policiamento a pé ainda não havia sido restaurado, mas considerou a situação "normal" para o momento.
EXÉRCITO
Falta agora a definição sobre a permanência do Exército nas ruas. O governador do Estado, Jaques Wagner (PT), deve informar ainda hoje ao governo por quanto tempo mais precisará desse suporte e como se dará a saída.
De acordo com o Ministério da Defesa, a desmobilização das tropas ocorrerá de forma gradual.
Ainda não há certeza se os militares auxiliarão o Estado durante o Carnaval.
O governo federal ainda monitora a situação nos outros Estados onde há ameaça de greve e está disposto a utilizar as Forças Armadas quando julgar necessário, apesar do otimismo de que a crise arrefeceu.
"Depois que ficou caracterizada a associação nacional entre importantes líderes grevistas e após os atos de vandalismo e crime cometidos, muitos policiais militares se afastaram desse tipo de ação nos Estados", afirmou à Folha o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Cardozo se refere a gravações telefônicas divulgadas na semana passada que sugerem a participação do líder da greve da PM baiana, o ex-policial Marco Prisco, em atos de vandalismo no Estado. Os grevistas negam envolvimento em atos criminosos. As informações são da Folha.