Bahia

Famosa cozinheira de Salvador, Alaíde do Feijão morre após parada cardiorrespiratória

Alaíde morreu nesta segunda-feira (31) após testar positivo para Covid-19 pela segunda vez.

Acorda Cidade

Morreu nesta segunda-feira (31) a famosa cozinheira baiana Alaíde Conceição, 73 anos, dona do famoso Restaurante Alaíde do Feijão, localizado no Centro Histórico de Salvador. A informação foi divulgada pelos familiares da profissional.

Segundo os familiares, a cozinheira tinha testado positivo para a Covid-19 pela segunda vez e se recuperava da doença em um hospital da capital baiana. No entanto, ela não resistiu a uma parada cardiorrespiratória.

Alaíde do Feijão testou positivo para Covid-19 pela primeira vez em março do ano passado. Na oportunidade, após 12 dias internada no Hospital Couto Maia, que tinha atendimento exclusivo para pacientes com Covid-19, a cozinheira foi transferida para o Hospital Irmã Dulce, onde continuou o tratamento da doença.

No dia 8 de abril, Alaíde publicou uma comemoração nas redes sociais, com o anúncio de que estava totalmente recuperada da doença.

"Olha eu aqui de novo! 🙏🏾📿✊🏾💚😍 Tenho Fé que após esse caos que estamos passando na nossa saúde com o Covid-19 irei conseguir estar junto, matando a saudades e comemorando com vocês lá no nosso", disse a cozinheira.

Em nota, o Coletivo de Entidades Negras (CEN) lamentou a morte de Alaíde do Feijão. "Trata-se de uma perda irreparável, que deixa órfão todo o movimento negro brasileiro", informou.

O CNE destacou ainda que "Alaíde era uma mulher de grande força, representatividade, e legítima matriarca, como tantas mulheres negras chefes de família da Bahia e do Brasil".

A cozinheira era do Terreiro Tumbacê, em Salvador, e quem a regia era o orixá Obaluaê, dono da terra, da cura, da doença e da morte.

"Foi no seu estabelecimento, conhecido pela feijoada e outros quitutes, que nasceram acordos políticos históricos e surgiram movimentos novos de luta por direitos", disse, por meio de nota, o Coletivo de Entidades Negras.

Reconhecimento

A cozinheira nasceu no bairro do Comércio, em Salvador, em 1948. O talento na cozinha foi herdado por Alaíde ainda durante a adolescência, por meio da sua mãe, Maria das Neves, que tinha uma banca de venda de comidas desde 1960 na região da Praça Cayru.

Com a aposentadoria da mãe, Alaíde quis manter viva a tradição dos quitutes e continuou a trabalhar com a fórmula do tempero, ensinada pela matriarca da família. Em 1993 abriu seu primeiro restaurante no Pelourinho e ampliou o cardápio, que passou a ter maior variedade de opções.

Em 2015, o restaurante que funcionava na Ladeira da Ordem Terceira do São Francisco mudou de endereço, para que o espaço fosse transformado em um ponto de cultura, mas permaneceu no Pelourinho, na Rua das Laranjeiras.

Mãe solo de três filhas, avó de sete netas (os), e bisavó de seis bisnetos(as), a família de Alaíde a define com uma mulher preta militante, antirracista, que teve um papel importantíssimo no movimento social e na luta antirracista.

Segundo a família de Alaíde, a cozinheira costumava discutir decisões dos blocos de samba e afro de Salvador, além de participar de campanhas políticas.

Alaíde ajudava candidatos (as), vereadores e deputados (as) com orientações e conselhos. Alaíde realizou mais de 10 edições da "Quintanda do Saber", um evento cultural e culinário em Salvador, marcado pela feijoada feita pela cozinheira e realizado sempre no mês de março em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

 

Fonte: G1

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