O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, hoje (23), um estudo sobre a Evolução dos Indicadores de Qualidade de Vida no Brasil ((IPQV)), com base nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009 e 2017-2018.
O Índice de Perda de Qualidade de Vida foi construído a partir de alguns dos indicadores qualitativos e subjetivos calculados para todos os temas estudados pela POF 2017-2018, agrupados em seis dimensões: 1) moradia; 2) serviços de utilidade pública; 3) saúde e alimentação; 4) educação; 5) acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; e 6) transporte e lazer.
Cada uma dessas dimensões é formada por uma série de variáveis, que somam 50, no total. Alguns exemplos de variáveis são o domicílio não tem banheiro (moradia); o lixo não é coletado de nenhuma forma (serviços de utilidade pública); a família sofre algum grau de insegurança alimentar (saúde e alimentação); há na família pessoas de 6 a 17 anos fora da escola (educação); o domicílio tem contas de água ou luz atrasadas (acesso a serviços financeiros e padrão de vida); e a família avalia seu lazer como ruim (transporte e lazer).
Cada 1 das 50 variáveis tem um peso na sua dimensão e recebe uma pontuação de 0 ou 1, onde 1 indica que a pessoa ou a família sofre privação. Embora as variáveis tenham pesos individuais diferentes, todas as dimensões têm o mesmo peso na formação do IPQV. Ou seja, para o cálculo do índice, não há diferença de importância entre educação ou moradia, por exemplo.
Quanto mais perto de 0, menor a perda de qualidade de vida, ou seja, melhor o IPQV. Quanto mais perto de 1, pior. Isto é, quanto maior o índice, maior a perda de qualidade de vida.
Entre 2008 e 2018, a qualidade de vida da população baiana aumentou, como indica a melhora do IPQV do estado, que passou de 0,308 para 0,198, no período. Nesses dez anos, a perda de qualidade de vida diminuiu 35,7% na Bahia, recuo maior do que o verificado no Brasil e o 5º mais intenso entre as 27 unidades da Federação.
No país como um todo, o IPQV caiu de 0,227, em 2008, para 0,157 em 2018 (-30,8%), com melhoria da qualidade de vida, ou seja, redução do índice de perda, em todos os estados.
As maiores taxas de redução na perda de qualidade de vida ocorreram em Roraima (-47,0%, com o IPQV diminuindo de 0,320 para 0,169), Santa Catarina (-39,2%, de 0,162 para 0,099, mantendo o IPQV mais baixo do Brasil) e Tocantins (-39,1%, com IPQV caindo de 0,306 para 0,186). O avanço na qualidade de vida foi mais tímido no Rio de Janeiro (-22,2%, IPQV de 0,190 para 0,148), Rio Grande do Sul (-22,8%, IPQV de 0,163 para 0,126) e no Amapá (-25,6%, IPQV de 0,299 para 0,222).
Na Bahia, a melhora do IPQV mais acentuada do que a média nacional fez o estado subir 4 posições no ranking nacional de qualidade de vida, passando do 7º pior índice para o 11º pior índice, entre 2008 e 2018. No período, Santa Catarina manteve a menor perda de qualidade de vida do país, com o melhor IPQV (0,099); São Paulo subiu de 3º para 2º melhor índice (0,112), empatado no arredondamento com o Paraná, que subiu de 4º para a 3º lugar (IPQV de 0,112).
Entre os estados do Nordeste, só Sergipe (-38,8%) teve uma redução na perda de qualidade de vida superior à registrada na Bahia, entre 2008 e 2018.
O quadro a seguir mostra o IPQV do Brasil e dos estados, em 2008-2009 e 2017-2018, e a variação do índice, em percentuais, nesse intervalo de dez anos. Ele está ordenado do maior para o menor recuo percentual na perda de qualidade de vida (penúltima coluna da esquerda para a direita).
O Índice de Desempenho Econômico (IDS), por sua vez, busca medir o progresso socioeconômico dos estados e do país como um todo, descontadas as privações, ou perdas de qualidade de vida, sofridas pela população.
Para sua construção, utilizou-se a renda disponível familiar per capita, calculada pela POF 2017-2018, como medida de progresso socioeconômico, enquanto o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) foi usado como indicador da privação.
Ao fazer uma espécie de “balanço” entre a renda disponível per capita e a perda de qualidade de vida, o Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) mostra em que medida a população consegue converter recursos financeiros em qualidade de vida.
A melhoria no Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) na Bahia, entre 2008 e 2018, fez o Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) do estado subir de 4,609 para 5,622 no período. O avanço de 22,0% no desempenho socioeconômico baiano foi bem superior ao verificado nacionalmente e o 4o mais acentuado do país.
Entre 2008 e 2018, o IDS do Brasil como um todo subiu 12,8%, passando de 5,452 para 6,147. Houve altas em todas as unidades da Federação.
Roraima (+32,0%, de 4,432 para 5,852), Sergipe (+25,8%, de 4,619 para 5,810) e Piauí (+22,5%, de 4,415 para 5,406) foram os estados cujos desempenhos socioeconômicos avançaram mais que o da Bahia. Os menores aumentos ocorreram no Rio de Janeiro (+5,6%, de 5,997 para 6,336), no Rio Grande do Sul (+9,1%, de 6,064 para 6,617) e em São Paulo (+10,35, de 6,175 para 6,811).
O aumento no Índice de Desempenho Socioeconômico da Bahia fez o estado subir 5 posições no ranking nacional, do 20o em 2008 para o 15o em 2018.
O quadro a seguir mostra o IDS do Brasil e dos estados, em 2008-2009 e 2017-2018, e a variação do índice, em percentuais, nesse intervalo de dez anos. Ele está ordenado do maior para o menor avanço percentual no índice (penúltima coluna da esquerda para a direita).
Entre 2008 e 2018, além da melhoria nos índices de perda de qualidade de vida e de desempenho socioeconômico na Bahia, houve mudança no peso das seis dimensões que podem impactar negativamente esses indicadores.
Transporte e lazer, onde estavam as maiores privações em 2008, representando 23,8% dos efeitos negativos no IDS baiano, perdeu relevância e, dez anos depois, era apenas a terceira dimensão em termos de contribuição, respondendo por 17,1% dos efeitos negativos no índice. Esse movimento indica que houve uma melhora na avaliação dessa dimensão, por parte da população baiana, no período.
Fenômeno semelhante, mas em menor intensidade, ocorreu com a dimensão saúde e alimentação, que representava 16,6% dos efeitos negativos para o desempenho socioeconômico do estado em 2008 e passou a representar 14,8% em 2018.
As outras quatro dimensões avaliadas se tornaram mais relevantes como efeitos negativos no IDS da Bahia, entre 2008 e 2018, o que indica que tiveram uma piora na sua avaliação por parte da população.
Dentre elas, quem mais aumentou a contribuição negativa foi a moradia, de 8,5% para 14,0%, continuando, ainda assim, como a dimensão de menor efeito negativo no IDS do estado. Entre as variáveis consideradas na dimensão moradia estão densidade domiciliar excessiva; o domicílio ter mosquitos, insetos, ratos; estar localizado em encosta, área sujeita a deslizamento ou inundação, entre outras.
Passando de um peso de 19,0% para 19,9%, o acesso a serviços financeiros e padrão de vida se tornou a dimensão de maior efeito negativo no desempenho socioeconômico da Bahia (era a segunda mais importante em 2008).
Entre as variáveis levadas em conta nessa dimensão estão não ter conta corrente nem poupança; não haver alguns bens no domicílio (como fogão ou geladeira, máquina de lavar roupa etc.); e a família ter contas de água, luz ou gás ou prestações atrasadas.
O terceiro lugar continuou com a educação, que também viu seu efeito negativo aumentar um pouco, de 18,2% para 18,7%, entre 2008 e 2018.
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