Polícia

Dois ambulantes são detidos por oferecer serviços odontológicos em Salvador

Aplicação, manutenção e remoção de aparelhos odontológicos eram oferecidas na rua.

Foto: Redes sociais
Foto: Redes sociais

Nesta quarta-feira (4), dois homens foram detidos por oferecer serviços odontológicos em uma banca de madeira na Rua Lima e Silva, no bairro da Liberdade, em Salvador. A via é um dos principais comércios populares da capital. Segundo o Portal g1, com os ambulantes foram aprendidos um alicate de unha e uma pinça usados nos procedimentos.

Além deles, o material odontológico que era vendido nas barracas foi apreendido em uma operação conjunta da Secretaria de Ordem Pública (Semop), Vigilância Sanitária e Conselho Regional de Odontologia (CRO-BA).

Na frente de uma das barracas, os procedimentos eram listados em um cartaz:

  • borracha para aparelho ortodôntico;
  • ferrinho de aço;
  • colocação e remoção de aparelho;
  • limpeza de aparelho;
  • manutenção de aparelho;
  • colocação de piercing.

Também há indícios que o homem divulgava o serviço nas redes sociais desde de 2019. Ele publicava fotos de antes e depois referentes a aplicação de aparelhos e restaurações.

Em entrevista a TV Bahia, um dos homens afirmou que não é dentista e que aprendeu a aplicar o aparelho odontológico sozinho.

“É minha maneira de sobreviver. Eu usava aparelho e aprendi sozinho, fazia comigo”, contou.

Os dois suspeitos detidos no bairro da Liberdade foram levados para a delegacia, onde prestarão depoimento. Eles devem responder o processo em liberdade.

Segundo a reportagem da TV Bahia, uma das pacientes foi atendida encostada em um muro, na rua, no bairro da Liberdade. O homem colocou luva descartável em apenas uma das mãos.

Abordado por um produtor da emissora, o homem disse que cobrava R$ 160 para colocar aparelho ortodôntico sem realizar exames de imagem, pratica considerada perigosa segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia, Fátima Cabral.

“A gente tem que pensar para onde movimentar o dente, qual força utilizar. São necessários exames antes de começar o tratamento, ver como osso está, tudo isso é planejado. Uma pessoa que não tem acesso a esse conhecimento, não tem como planejar”, afirmou.

produtos odontológicos vendidos em barracas - Salvador
Foto: Redes sociais

Na região é possível encontrar “borrachinhas” de aparelho, material que fica envolve o braquete, sendo vendidas em diversas barracas de camelô. Os vendedores afirmam que também aplicam o material no local.

“Modinha perigosa”

Os braquetes e as barrachinas se tornaram uma questão estética. Muitos dos que aderem à moda não colocam as outras partes que compõem o aparelho ortodôntico, como o tubo e as ligaduras metálicas. Nesse caso, o aparelho não cumpre sua função: movimentar os dentes, corrigindo suas posições na arcada dentária.

“Pode haver uma força excessiva e, junto com a má escovação, uma perda óssea. O osso ao redor do dente vai sendo reabsorvido, ou seja, some. Se esse esse osso some, o dente fica mole e pode cair. Além disso, a gengiva retrai e pode haver exposição da raiz do dente”, explicou a vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia.

Vender produtos odontológicos no mercado informal é crime. Apesar dos itens serem encontrados na internet, nas lojas especializadas o dentista precisa apresentar a identificação do Conselho Regional de Odontologia para adquirir os materiais.

O diretor de operações da Semop, Alysson Carvalho, explicou que vendedores ambulantes não podem vender esse tipo de produto.

“O ambulante não tem possibilidade de vender nenhum tipo de produto relacionado a saúde pública. Esses equipamentos são devidamente controlados pelos seus respectivos conselhos e precisam ser comprados nos locais adequados”, afirmou.

produtos odontológicos vendidos em barracas - Salvador
Foto: Redes sociais

Para a diretora da Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Andréa Salvador, o órgão atua junto com a Semop e com o CRO-BA para a fiscalização de casos como estes.

Procedimentos feitos por um profissional não capacitado e sem a devida higienização podem causar diversos riscos à saúde bucal, que vão de problemas desde a mastigação até a perda dos dentes, segundo a Associação Brasileira de Odontologia.

Segundo o CRO-BA, antes das prisões desta quarta, cinco pessoas foram presas por exercício ilegal da profissão neste ano no estado. A pena para este tipo de crime é de seis meses a dois anos.

Em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, no dia 27 de agosto, um outro homem foi preso por exercício ilegal da profissão. Um dos pacientes atendidos por ele ficou 12 dias internado após ficar com o rosto paralisado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Casos semelhantes devem ser denunciados através do número 156.

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