Acorda Cidade
Ainda que em ritmo lento e muitas vezes prejudicada pela falta de insumos e doses, a vacinação em massa de sua população é mesmo a grande saída para a Bahia superar a grave crise de saúde pública e os prejuízos à economia causados pela Covid-19 que, em março deste ano, registrou o maior índice de mortes no estado e, em abril, já supera o número de nascimentos na região.
Este é o caminho que apontam os dados de óbitos contabilizados pelos Cartórios de Registro Civil do País, que mostram uma redução de 60% nas mortes de pessoas entre 90 e 99 anos; de 44% entre aquelas de 80 a 89 anos; e de 14% entre os que possuem entre 70 e 79 anos – este último grupo ainda em período de quarentena entre as aplicações de doses e efeito da vacina -, na comparação entre a média de óbitos destes grupos desde o início da pandemia e os primeiros 15 dias do mês de abril deste ano.
Os idosos da faixa etária entre 90 e 99 anos representavam, em média, 6,8% do total de mortos pela Covid-19 desde o início da pandemia. Em março, já com os primeiros reflexos da vacinação para esta idade, passaram a representar 5,39% dos óbitos e, nos primeiros dias de abril, 2,7% do total de falecimentos. A faixa entre 80 e 89 anos, passou de uma média de 21,5% do total de mortos para 15,9% em março, e para 12% em abril. Já os óbitos entre a população de 70 a 79 anos que, em muitos Estados, acabou de receber a 2ª dose da vacina, passou de uma média 25,58% do total de óbitos para 22% em abril, dando início a uma redução.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
"Os números falam por si só o quão importante está sendo a vacinação para a população baiana. Podemos ver que tivemos redução de óbitos de pessoas mais idosas e isso é uma grande vitória para o estado, mas infelizmente ainda temos altos índices de mortalidade em nossa população mais jovem. Por isso, é importante que seja realizada o quanto antes a vacinação em massa", destaca o Presidente da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen/BA), Daniel de Oliveira Sampaio.
Mais jovens estão morrendo
Se no começo da pandemia, a faixa etária de pessoas com idades entre 60 e 89 anos eram aquelas que proporcionalmente mais vinham a óbito causado pelo novo coronavírus na Bahia, este cenário começa a se alterar, com o aumento proporcional de mortes entre pessoas de faixa etária mais jovem, que vão dos 20 aos 59 anos. A mudança teve início em fevereiro, com aumento em março, que se mantém nos primeiros dias de abril.
Os óbitos de pessoas com idades entre 20 e 29 anos, que até o mês de março representavam, em média, 1,91% dos falecimentos por Covid, passaram a ser quase 1,4% em abril, o que representa uma redução de 25% no número de mortes. Já a quantidade de óbitos de pessoas entre 30 e 39 anos, que representavam, em média, 3,2% das mortes, está sendo bastante afetada, atingindo em abril o índice de 5,9%, crescimento de 87% no número de mortes por Covi-19.
A faixa de pessoas entre 40 e 49 anos até janeiro de 2021, representavam 7% dos óbitos causados pela doença em abril do ano passado. Em fevereiro passaram a representar 8%, em março 9,14% e, nos primeiros dias de abril, já representam 11% do total de mortos pela doença no estado. A faixa etária, que representava uma média de 7,18% dos óbitos por Covid desde o início da pandemia, apresenta um crescimento de 54% do número de mortes nos primeiros dias de abril.
A população de idade entre 50 e 59 anos segue ainda com reflexos da 2ª onda da pandemia. A faixa etária representava, em média, 13,04% do total de mortes pelo novo coronavírus no primeiro ano completo da pandemia. Este número vem subindo nos últimos meses, passando para 13,71% em março e 14,5% na primeira quinzena de abril, o que representa um aumento de 11% nos óbitos causados pela doença.
Já as pessoas com idade entre 60 e 69 anos, que está começando agora a entrar no calendário de vacinação no estado, é a mais afetada pelo aumento no número de falecimentos causados pela nova fase da pandemia. A faixa teve, em média, 19,37% do total de mortes pelo novo coronavírus no primeiro ano completo da pandemia. Em fevereiro passou a representar 20,2%, em março para 23,2% e, nos primeiros dias de abril, representa 29% do total de mortos por Covid-19, um aumento de 50% no número de mortes pela doença em relação à média do ano.