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Após quase cinco dias em recuperação, o bebê recém-nascido, achado em uma caixa de sapato deixada em um ponto de ônibus no bairro Lobato, em Salvador, passou do quadro estável para o grave nesta terça-feira (26), de acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). A criança é atendida pela equipe da maternidade Albert Sabin e recebeu o apelido de "Albertinho". De acordo com a Sesab, ele apresentou um quadro de infecção e perda de peso.
A vítima chegou à maternidade transferida do Hospital do Subúrbio, para onde foi levado por policiais militares que o localizaram por volta das 21h de sexta-feira (22). De acordo com a diretora da maternidade, Rita Leal, a criança nasceu de uma gestação de cerca de 34 semanas e chegou ao Albert Sabin pesando 1,5 kg.
Na segunda-feira (25), a diretora comentou sobre a saúde do paciente. "Hoje ele está com 1,368 kg. Essa perda é normal. Ele é um bebê de baixo peso, prematuro, mas não é de extremo, que fuja ao padrão. Ele é alimentado por sonda e está respirando normalmente", disse. Para que ele deixe o hospital, explicou a médica, é preciso alcançar, no mínimo, 1,8 kg e que, aliado a isso, mantenha os bons resultados nos exames. Por enquanto, ele vai se recuperando na unidade neonatal semi-intensiva.
Até esta terça-feira, nenhum responsável pela criança se apresentou ao juizado, de acordo com a juíza, Carla Adriana Barnoevo Azevedo, da 1ª Vara da Infância e Juventude. Segundo conta, há cerca de seis meses uma criança foi achada dentro de uma lata de lixo e colocada à adoção, por falta de parentes.
Farda pode ajudar investigação
Duas camisas com a logomarca do Colégio Estadual Landulfo Alves, na Cidade Baixa, que envolviam o bebê recém-nascido, podem auxiliar a polícia a esclarecer o caso. Uma equipe de investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca) já está em diligências para localizar a mãe da criança.
Segundo a titular em exercício na Dercca, delegada Simone Malaquias, a mãe do bebê pode ser uma aluna, funcionária ou ter alguma ligação com a escola Landulfo Alves. “As duas camisas de uniforme escolar são pistas importantes para se saber quem e o que levou ao abandono do recém-nascido”, informa a delegada, que vem mantendo contatos com o Juizado da Infância e do Adolescente. “A troca de informações entre as duas instituições podem acelerar a elucidação”, acredita.
A delegada explica que, durante o tempo que permaneceu sozinho, o bebê esteve exposto a sérios riscos de saúde e até de morte. “Ele poderia ter desidratado ou ser atacado por algum animal”, explica Simone Malaquias. Ela informa ainda que existem alternativas para mulheres que engravidam e não podem criar seus filhos. “O primeiro passo para evitar o abandono é procurar pelo Juizado da Criança e o Adolescente ou o Conselho Tutelar para receber orientações”, informa.