Banho de sol na nova orla de Salvador é assim: não basta estender toalha e passar filtro, agora tem que coçar o bolso. A reclamação, de baianos e turistas indignados com o aumento de produtos e serviços oferecidos na areia, é uma resposta ao domínio dos ambulantes nas praias sem barraca.
“É um absurdo, está tudo mais caro”, denuncia a acompanhante de idosos Tânia Maria Andrade, 39 anos, em Piatã. “Derrubaram as barracas e agora ou a pessoa traz comida de casa ou fica dependente do preço”.
Segundo o depoimento de banhistas distribuídos por toda a orla, da Cidade Baixa a Stella Maris, o antes lazer farto e gratuito da areia passou a custar até R$ 10 no kit básico cadeira e sombreiro. “Se eu não tivesse negociado com o barraqueiro, teria deixado para ele R$ 15 só de cadeiras, fora o sombreiro”, diz a estudante Rebeca Wicks, 19 anos, na praia do Jardim de Alá.
Na semana passada, um casal de turistas franceses recebeu com surpresa o valor de R$ 20 cobrados apenas para sentar na mesma praia. Segundo eles, o que ainda assim chamou mais a atenção na conta foi o valor da água: cada garrafinha por R$ 4.
Petiscos
Para quem se aventura no tira-gosto, o preço pode sair bem mais caro, advertem os frequentadores das praias. “Paguei R$ 70 numa moqueca na Ilha de Maré”, garante o autônomo Aécio Nunes, 39 anos, em São Tomé do Paripe. “Ainda bem que até agora não cobram também pela mesa. A grande dica é negociar antes de sentar e conferir os preços antes de sentar na areia”, acrescenta Tânia Maria.
Luciene Lima Santos, auxiliar de serviços gerais, 25 anos, acredita que a alta nos preços é justificada como forma de pagar pelo preparo dos alimentos longe da areia, já que cozinhar na orla passou a ser proibido. “Eles dizem que precisam se virar de algum jeito para fazer a comida, fritar a carne de sol”, explica ela, indignada.
Bebida e barracas
Item obrigatório para muitos frequentadores, a cerveja também não resistiu à inflação das praias. O preço médio da cerveja na praia fica entre R$ 3,50 e R$ 4. A estudante Tarcila Duran, 19 anos, aguarda com ansiedade as novas barracas da orla. Ela espera que, com as novas estruturas, os preços sejam mais amigos dos bolsos dos banhistas.
Enquanto em outras praias o assunto é a falta de comida, bebida e estrutura para os banhistas, no Porto da Barra tudo continua como sempre foi. O acordo que vai definir o novo rosto da orla ainda não tem resolução definida, esclarecem a Justiça Federal e a Procuradoria da República. Segundo Eika Amorim, diretora da 13ª Vara Cível, o conteúdo discutido entre os órgãos das três esferas, reunidos no dia 15 de setembro, ainda não chegou às mãos do juiz Carlos d´Ávila. (As informações são do Correio)