Acorda Cidade
Para o médico Eraldo Moura, coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, o número de doações ainda é muito baixo no estado em decorrência, principalmente, do elevado índice de negativa familiar – cerca de 50% das famílias de potenciais doadores não autorizam a doação. Apesar disso, 2011 foi um ano de vários avanços, entre eles a reativação do programa de transplante renal de Itabuna, onde foram realizados, em dezembro, dois transplantes, na Santa Casa de Misericórdia, marcando a retomada do programa, depois de seis anos sem serem feitos esses procedimentos.
A promoção de cursos de capacitação para profissionais de saúde; o desenvolvimento de ações educativas para difundir informações sobre o processo de doação junto à população em geral, e o apoio constante da Casa Civil, disponibilizando transporte aéreo para equipes envolvidas na captação de órgãos foram alguns dos investimentos da Sesab, visando ampliar o número de doações, captações e transplantes no estado.
Procura de Órgãos
Outro importante avanço registrado no programa de transplante, segundo Eraldo Moura, foi a implantação da Organização de Procura de Órgãos (OPOs), organismos com papel de coordenação regional, responsáveis por organizar e apoiar, no âmbito de sua área de atuação, o processo de doação/transplantes. Já foram implantadas as OPOs dos hospitais Ernesto Simões Filho, Geral do Estado e Geral Roberto Santos, as de Itabuna/Ilhéus (Hospital de Base), Feira de Santana (Clériston Andrade), e Vitória da Conquista (Hospital de Vitória da Conquista), e está em fase de implantação a do Extremo Sul, em Porto Seguro.
A ampliação do número de vagas para estágio na área de doação/captação e transplante de órgãos, passando de 14 para 35, é outra conquista citada por Eraldo Moura. "Com essa expansão do número de vagas, através de parceria com escolas de medicina do interior do estado, todas as faculdades de medicina do estado estão contempladas com o estágio", pontua o médico.
Entre as metas para 2012, o coordenador do Sistema Estadual de Transplante aponta a implantação do programa de transplante cardíaco e pulmonar no Hospital Ana Néri, do programa de transplante hepático pediátrico e de serviços de transplante renal no Hospital Geral Roberto Santos e em Vitória da Conquista, Feira de Santana e Juazeiro – nesse último município está apenas sendo aguardada autorização do Ministério da Saúde. "Pretendemos também zerar a fila de espera para transplante de córnea", diz Eraldo Moura.
Fila de Espera
Existem atualmente, na Bahia, cerca de 2.291 pessoas em fila de espera para transplante, sendo 1.476 de rim, 750 de córnea e 65 fígado. Eraldo Moura acredita que a falta de informações adequadas sobre o processo de doação e transplante de órgãos ainda é um dos principais obstáculos para a ampliação do número de transplantes e a redução da fila de espera pelo procedimento. "A Bahia registra um grande índice de negativa familiar, mas é importante lembrar que uma doação pode salvar inúmeras vidas e que qualquer pessoa pode precisar de um transplante e, consequentemente de uma doação", garante o médico.
No ano passado, as doações contabilizadas em todo o estado possibilitaram a realização de 68 transplantes de rim, 50 de fígado, 230 de córneas, 14 ósseos e 31 de medula. Foram também realizados 34 transplantes renais com doador vivo.