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A Bahia foi o estado do Nordeste que mais gerou empregos no primeiro bimestre deste ano. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) contabilizam um saldo de 12.793 postos de trabalho criados em janeiro e fevereiro. Os dados foram consolidados levando em conta a nova metodologia do Ministério do Trabalho e Emprego, que inclui informações enviadas fora do prazo para fazer acertos nas declarações.
Na opinião da diretora de Pesquisas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Thaiz Braga, o aquecimento do mercado de trabalho baiano está acontecendo há algum tempo e deve-se a um conjunto de fatores. “Temos um aumento na renda da população, especialmente devido aos programas de transferência de renda e também taxas de juros que proporcionam endividamentos a longo prazo. Isso gera um efeito dominó, pois com mais ocupação temos mais renda, que gera mais consumo e incremento na produção. É o chamado círculo virtuoso”.
Thaiz observou os grandes investimentos que estão previstos para a Bahia, como a realização da Copa do Mundo, implantação da ferrovia Oeste-Leste, além de projetos na área de habitação, infraestrutura e logística. “Quando se tem grandes investimentos como estes, isso alavanca a nossa economia como um todo e afeta todos os demais setores, pois eleva o consumo”.
A consultora de recursos humanos Margot Azevedo também destaca que a Bahia e o país estão vivendo um excelente momento com a proximidade de realização de eventos com a Copa e as Olimpíadas. “Isso anima todo mundo, as empresas criam novos projetos, os profissionais pensam em se qualificar. Vamos aproveitar essa fase”. Margot reitera que o mercado de trabalho baiano está aquecidíssimo. “Muitas novas indústrias estão chegando e as existentes estão ampliando, o que abre muitos postos de trabalho”.
Multiplicador
Só para se ter uma ideia de quanto a Bahia se destaca em suas taxas de empregos, basta comparar com os demais estados nordestinos. O segundo colocado em criação de empregos, o Ceará, gerou 5.181 vagas, o que equivale a menos da metade dos postos de trabalho criados na Bahia. Logo em seguida vêm Sergipe, com 3.182, Alagoas, com 1.623, e Piauí, com saldo de 458 vagas. E apesar de ser a segunda maior economia do Nordeste, o estado de Pernambuco, forte concorrente da Bahia na política de atração de investimentos, apresentou um saldo negativo de 3.139 vagas no bimestre.
Segundo o coordenador de acompanhamento conjuntural da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Luiz Mário Vieira, o incremento na geração de empregos na Bahia também se deve à ampliação do crédito. “As políticas públicas facilitaram bastante a concessão de crédito, que anteriormente não chegava a 25% do PIB e hoje se aproxima de 47% do nosso PIB, que fechou 2010 em R$ 145 bilhões. É o que equivale a 4% do nacional”.
Vieira explicou que o crédito também contribui fortemente para a antecipação do consumo, o que dá um grande reforço para manter o mercado aquecido. Ele lembrou que a Bahia continua como a maior economia do Nordeste e tem um enorme potencial a ser explorado. “A política de desconcentração para outras regiões do estado gera ainda mais empregos que contribuem para aumentar o PIB”.
Mão de obra
Apesar do bom desempenho do mercado de trabalho baiano, os resultados poderiam ser melhores se o estado não sofresse com a falta mão de obra qualificada. “Temos muitas vagas disponíveis que levam bastante tempo para serem preenchidas. Baianos, vamos nos qualificar porque vagas existem”, alertou Margot Azevedo. Ela ressaltou que até os que estão empregados devem investir em qualificação. “Quem buscar uma educação diferenciada garante seu lugar no mercado”, pontuou.
Mais vagas no interior
Feira de Santana foi o município baiano que apresentou o melhor desempenho na geração de postos de trabalho formal no primeiro bimestre deste ano. Em segundo lugar vem Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, com 654 empregos, e Jequié em terceiro, que gerou 308 postos de trabalho.
Somente em Feira de Santana, a construção civil foi responsável por 793 postos de trabalho, o equivalente a 61% do total de empregos criados na cidade. Em Lauro de Freitas, o melhor desempenho foi alcançado pelo setor de serviços, que criou 476 vagas, o equivalente a 72% dos novos empregos gerados no primeiro bimestre. Em Salvador, o setor de serviços também se destacou com a abertura de 3.133 novas oportunidades no mercado de trabalho.
Comércio e serviços se destacam
Segundo a diretora de Pesquisas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Thaiz Braga, a economia de Salvador e Região Metropolitana é marcada principalmente pelos setores de comércio, serviços e construção civil. “São os segmentos que têm um papel relevante na composição da nossa geração de empregos”, afirmou.
Com o grande aquecimento nesses setores, liderando a lista dos que mais geraram postos de trabalho com carteira assinada no primeiro bimestre deste ano, não foi difícil para o vendedor Evanildo Jesus da Cruz, 30 anos, conseguir uma nova colocação no mercado. “Fiquei apenas 15 dias desempregado, e isso me surpreendeu, porque em 2010 cheguei a ficar três meses sem trabalhar”, comentou.
Graças ao trabalho recém-conquistado, Cruz ajudou a engordar as estatísticas do Caged. “Para a área de vendas é sempre fácil encontrar emprego, mas o salário nem sempre é gratificante. Mesmo em tão pouco tempo consegui achar uma boa oportunidade com salário justo e melhores condições”. As informações são do Correio