O que fazer com os adolescentes nas férias? É uma preocupação de muitos pais antes mesmo do recesso escolar começar. Os jovens querem passear, se divertir e, depois dos últimos anos atípicos de pandemia, precisam mais do que nunca socializar. Mas os pais seguem sua rotina acelerada de compromissos de trabalho. “A nossa proposta é para os jovens conhecerem sua própria cidade, visitar espaços culturais, novos lugares e, a partir destes espaços, promover discussões e reflexões sobre meio ambiente, arte, autoconhecimento… Curtir as férias tendo interação divertida e saudável com outros jovens”, convida o psicólogo e um dos idealizadores do Arvorar Jovem.
O programa de desenvolvimento pessoal e coletivo, focado em pré-adolescentes e adolescentes e que promove encontros regulares o ano todo, lança mais uma edição de férias. O Arvorar nas Férias terá duas temporadas independentes. Cada uma com cinco encontros, totalizando 18 horas de muita diversão – com direito a jogos e brincadeiras – e também passeios, piquenique, atividades artísticas e culturais.
A proposta é viver a cidade. A programação especial inclui a visita a pontos turísticos e históricos da capital baiana, como Pelourinho, Elevador Lacerda, Solar do Unhão, Santo Antônio Além do Carmo, com visitas a museus e outros espaços culturais, buscando sempre o aprendizado com a beleza, história e significado da experiência.
Momentos ar livre para curtir o contato com a natureza serão um convite para reflexões sobre o meio ambiente e conhecer iniciativas que contribuem para um mundo mais sustentável. A intenção é criar espaços de diversão e também de reflexão que contribua para o desenvolvimento dos adolescentes que hoje têm agendas cheias, aulas às vezes nos dois turnos, inglês, reforço escolar, cursos diversos. São muitas demandas acrescidas do turbilhão hormonal e emocional.
O Arvorar Jovem nasceu no ano de 2016 da percepção da necessidade de alguns adolescentes de terem um espaço de convivência e desenvolvimento pessoal. “É estruturante para o adolescente contar com um grupo onde ele se sinta confiante para expressar suas ideias e questionamentos, possa fazer novas amizades e refletir sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca”, pontua o psicólogo Eduardo Santos. Ao longo destes anos, o programa se tornou um espaço seguro e convidativo de pertinência para adolescentes com acompanhamento, suporte e olhar atento de profisisonais que podem contribuir para o bem-estar emocional dos jovens e conscientização sobre os desafios desta fase.
Mesmo na pandemia, os encontros foram mantidos em formato on-line. Em grupo, eles aprendem a se fortalecer, a lidar com os desafios naturais da idade e, mais que isso, aproveitar todas as suas potencialidades desta etapa da vida. “A gente está distante desta visão da sociedade que define a adolescência como aborrescência, acreditando que as crises emocionais são naturais e que se resolvem com o tempo… Ao contrário, temos a crença de que existe uma grande força no jovem que precisa ser identificada, validada e bem direcionada para o positivo. A adolescência é um portal de transformação que pode definir muito sobre a vida adulta”, reitera Santos.
Questões emocionais têm sido um grande desafio para os jovens antes mesmo da pandemia. Ansiedade, timidez, dificuldade de comunicação, baixa-estima são algumas das queixas comuns. “São desafios que a gente vai superando juntos. A gente trabalha muito para tentar contribuir para o bem-estar emocional dos jovens, ajudando-os a despertarem a aprender a construir hábitos saudáveis, fazer boas escolhas para si e para o outro. O arvorar não é terapia em grupo, mas acaba sendo muito terapêutico”, destaca a educadora, psicopedagoga e também idealizadora do Arvorar Jovem, Faezeh Shaikhzadeh.
O estudante Vinicius Teixeira Reis participou do Arvorar nas Férias ano passado. “Foi legal demais, fiz novos amigos e aprendi muito sobre a cidade onde vivo. Lugares importantes e turísticos que, mesmo morando aqui, nunca tinha visitado”, conta o jovem de 14 anos. Vinicius gostou tanto que resolveu se matricular na turma regular do programa e tem adorado os encontros semanais com o grupo que aconteceram ao longo de todo este ano. “Na semana a gente tem tanta coisa para fazer, mas o Arvorar é uma atividade diferente, um tempo de conversar, refletir e fazer coisas legais. O programa me ajudou muito a ser mais comunicativo. Eu era muito fechado”, avalia já negociando com a família a participação no programa de férias. “Estamos planejando uma viagem, mas quero muito participar”.
O desejo não é só dele. Se depender da mãe de Vinicius, o programa de férias está garantido. “Vinicius está muito mais desinibido, entrosado com colegas e vivendo experiências importantes com abordagem de autoconhecimento e ação social. No programa está tendo vivências ricas que espontaneamente não teria oportunidade de estar experimentando”, avalia a mãe e médica Leila Teixeira.
Interessados em participar desta edição do Arvorar nas Férias devem se apressar. As inscrições já estão abertas e as vagas são limitadas a 18 jovens em cada turma que são divididas por faixa etária, dos 11 aos 13 anos e dos 14 aos 17 anos. “Tem sido muito gratificante perceber essa resposta positiva, tanto dos jovens como das famílias e também de psicólogos e psiquiatras que indicam o programa para seus pacientes. A gente sente como este espaço de acolhimento e troca tem sido necessário”, conclui Santos.
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