Opinião

Meu amigo, a mídia e a segurança pública

Nos regimes democráticos, ninguém tem o monopólio da verdade absoluta, e isso inclui a mídia.

Foto: Joilson Cesar/BNews
Foto: Joilson Cesar/BNews

Por André Curvello

Em uma troca de mensagens por aplicativo, um querido amigo reagiu a recente artigo que eu havia escrito. ‘Você não pode criticar a imprensa’, declarou enfaticamente. Respondi prontamente que não estava, de fato, criticando a imprensa, mas ele insistiu, alegando que eu estava fazendo exatamente isso. Sugeri que ele desse uma segunda leitura ao meu artigo.

Esse amigo de longa data, uma pessoa íntegra, é alguém que, como muitos outros, aborda a questão da violência baseando-se em estatísticas que se transformam em narrativas sensacionalistas para a mídia. Seja esta ou aquela cidade, este ou aquele estado, sempre se procura destacar como o mais violento, e, se houver uma comparação internacional disponível, melhor ainda.

Meu amigo – acho eu -, enxerga a questão de forma cartesianamente simplista e não consegue vislumbrar que a violência não é um problema que pertence unicamente a um governo específico, independentemente do partido político que o represente. Menciona o termo negacionismo quando ele mesmo nega qualquer informação que não esteja em sintonia com as narrativas amplamente promovidas pela mídia.

Recusa-se a acreditar em dados positivos divulgados pelo governo, que, muitas vezes, são ignorados pela imprensa ávida por manchetes negativas. Afinal, informações positivas não saciam a fome por audiência de certos setores midiáticos que, ao que parece, acreditam no “quanto pior, melhor”. Meu dileto amigo considera que esses dados não podem ser questionados, assim como a mídia em si. E a responsabilidade social de cada um de nós?

Em minha família, a profissão de jornalista é uma tradição. Meu avô foi jornalista e ocupou o cargo de secretário de redação no histórico jornal ‘O Imparcial’. Meu pai desempenhou a função de editor-chefe no ‘A Tarde’. No final de 1986, eu mesmo obtive meu diploma de jornalista da Universidade Federal da Bahia. São quase quatro décadas de atuação no mercado, defendendo a liberdade de imprensa como um pilar da democracia.

E, em uma democracia, a liberdade de expressão é um direito sagrado, o que automaticamente nos incumbe da observância de deveres republicanos. Podemos, sim, exercer a liberdade de expressar nossas opiniões, mas eu reitero que infelizmente uma parte da imprensa aborda a questão da segurança de forma superficial, priorizando a busca pela audiência em detrimento da responsabilidade social. A violência gera audiência.

Nos regimes democráticos, ninguém tem o monopólio da verdade absoluta, e isso inclui a mídia. Do contrário, corremos o risco da submissão à ditadura dos veículos de comunicação. Não precisamos dessa forma de autoritarismo e de nenhuma outra.

Há um problema grave, uma verdadeira epidemia que é a violência decorrente do crime organizado e do tráfico de drogas. Esta é uma questão que deve mobilizar toda a sociedade, com responsabilidade e comprometimento. Mais do que nunca, a sensibilidade com as questões sociais, o esporte, o lazer, a cultura e a educação são fundamentais para vencer a batalha contra o crime. Tudo isso, com a intransigente defesa dos direitos humanos como premissa básica.

Na Bahia, o governo tem feito muito, e jamais desconhece a gravidade da situação. Estabelece parcerias com o governo federal e trabalha incansavelmente para garantir a segurança das baianas e dos baianos. O governador Jerônimo Rodrigues demonstra firmeza e determinação na luta contra o inimigo comum da sociedade: o tráfico de drogas.

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